Portugal registou, no último ano, a maior redução do volume de crédito malparado – Non-Performing Loan (NPL) em inglês – em toda a Europa, de acordo com o estudo ibérico “Investing in NPL in Iberia”, elaborado pela Prime Yield (PY). Entre o segundo trimestre de 2024 e o mesmo período de 2025, o país reduziu o stock de crédito em incumprimento em 15,7%, atingindo um total de 4.300 milhões de euros, o valor mais baixo da última década, anunciou, em comunicado, a empresa de consultadoria e avaliação imobiliária que integra, desde 2018, o grupo espanhol Gloval.
Segundo a PY, o malparado representa atualmente 2,1% do crédito ativo no sistema financeiro português, um rácio que, embora ainda ligeiramente acima da média europeia (1,8%), confirma a forte desalavancagem do setor. “Em 2015, o crédito em incumprimento equivalia a 19,6% do total e somava cerca de 41.000 milhões de euros, ou seja, quase dez vezes mais do que o volume atual”, lê-se na nota.
Apoiando-se em dados da European Banking Authority (EBA), a empresa indica que aos dias de hoje Portugal detém apenas 1% do total de NPL da Europa, posicionando-se entre os países com menor stock deste tipo de crédito.
Citado no documento, Francisco Virgolino, Diretor Geral da PY, afirma que “a redução do crédito malparado em Portugal e também em Espanha reflete a dupla circunstância do aperto das restrições na concessão de crédito pós-crise financeira e a forte dinâmica de venda de carteiras deste tipo de NPL nos últimos anos”.
“Estamos atualmente perante dois mercados maduros em termos de venda de NPL, cujos sistemas financeiros desalavancaram fortemente nos últimos anos, pelo que, naturalmente, as transações deste tipo de ativo de investimento tendem a registar níveis distantes de outros anos”, acrescenta.
Um negócio “especial” em 2024
De acordo com a PY, o ano de 2024 ficou marcado por uma operação sem precedentes – a venda da carteira Projeto Cascais, no valor de 4.200 milhões de euros –, estando agora o mercado português de NPL a dar sinais de normalização.
Até setembro de 2025, as transações totalizam cerca de 1.400 milhões de euros, ultrapassando já o volume de negócios de 2024, que excluindo o Projeto Cascais ascendeu a 1.100 milhões de euros, refere a consultora, antecipando que o valor final de 2025 possa ser ainda superior, havendo várias operações em curso.
O estudo aponta ainda, por exemplo, para a existência de uma nova fase no mercado ibérico de NPL, em que Portugal e Espanha se encontram em estágios de maturidade distintos: a estabilizar a nível nacional e a retrair de forma mais acentuada em Espanha.
“Em termos futuros, apesar do declínio na atividade de vendas de NPL na Península Ibérica em 2025, tanto Espanha como Portugal continuam a destacar-se como mercados de investimento relevantes, levando a estratégias mais seletivas por parte dos investidores. No entanto, o forte interesse em ativos de alto rendimento sugere que os investidores especializados continuam ativos”, conclui Francisco Virgolino.
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