
O governador do Banco de Portugal (BdP) veio a público defender-se das acusações de que o regulador do sistema financeiro não atuou no BES quando devía. Carlos Costa garante que fez tudo o que era possível, argumentando que na altura a lei não permitia que o supervisor retirasse a idoneidade dos administradores do banco liderado por Ricardo Salgado sem condenações judiciais prévias. E admite que acreditou até ao fim que o BES ia sobreviver - "nada faria supor uma situação destas".
Em entrevista ao Público, o máximo responsável do Banco de Portugal defende que os documentos que não foram entregues na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES, que foram revelados na reportagem da SIC Assalto ao Castelo, "não estão abrangidos pelo dever de divulgação", já que são material de trabalho do regulador.
Carlos Costa declara ainda ao jornal que o parecer interno de novembro de 2013 que recomendava o afastamento de Salgado surgiu na sequência de "reflexões internas" pedidas pelo próprio, meses antes, para perceber se o que era publicado então na imprensa sobre o BES era verdadeiro.
E aproveita para explicar que a renúncia de Ricardo Salgado e dos outros responsáveis aconteceu depois de uma grande pressão do Banco de Portugal, frisando que comunicar à família Espírito Santo que não tinha idoneidade para continuar à frente do banco foi "um grande acto de afirmação da independência e da capacidade" do regulador.
Questionado sobre quando se percebeu que havia um problema com o BES, o governador remete a outubro de 2013, na sequência de uma auditoria que mostrava que parte da dívida do banco não estava sediada em Portugal. Mas o momento decisivo só aconteceu nove meses depois, quando o BES apresentou as contas do segundo trimestre de 2014.
Sobre o mandato no Banco de Portugal, garante que é para levar até ao fim. "Se não cumprir o meu mandato, não cumpro a minha obrigação de salvaguardar a independência do Banco de Portugal", diz.
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