
Portugal continua a ser um dos países mais afetados por incêndios florestais. O país já gastou perto de 6.585 milhões de euros nos últimos 16 anos em incêndios, mas sabe-se que apenas 410 milhões foram investidos na prevenção. Os dados são do relatório da comissão técnica, que analisou os devastadores fogos de junho na região Centro.
De acordo com o relatório da comissão técnica independente – designada para analisar os fogos –, dos 6.585 milhões de euros, cerca de 3.948 milhões foram utilizados para cobrir prejuízos com a perda de bens e 2.219 milhões foram investidos na recuperação da floresta e zonas verdes destruídas.
O relatório revela que 1.091 milhões foram investidos na recuperação de áreas ardidas e apenas 410 na prevenção dos fogos, escreve a Lusa. Os anos de 2003 e 2005 foram os que tiveram gastos mais elevados, 1.303 e 985 milhões de euros, respetivamente, indica o relatório, que exclui o ano de 2017.
Apoios à prevenção e à recuperação de áreas ardidas são elevados
Na programação inicial dos fundos comunitários entre 2007 e 2013, Portugal tinha previsto uma comparticipação comunitária de 607 milhões de euros para um investimento de 752 milhões de euros na floresta, mas no final de 2013 viria a beneficiar só de 496 milhões de euros de apoios.
No que diz respeito aos fundos comunitários 2014-2020, apesar do financiamento decrescer face ao quadro comunitário anterior, os apoios à floresta previstos para Portugal representam 12,4% dos fundos do Plano de Desenvolvimento Rural (PDR), estando entre os estados-membros que mais prevê investir nesta área, sendo apenas ultrapassado por Espanha (16,2%).
Em comparação a 2007-2013, a comparticipação comunitária para as florestas destinada a Portugal desce de 15,1 para 12,4%, mas os apoios à prevenção e à recuperação de áreas ardidas são mais elevados. Até julho deste ano, para a prevenção, estavam comprometidos 57% dos fundos orçamentados e 23% estavam executados.
Relatório aponta falhas ao comando dos bombeiros
A comissão técnica independente que analisou os incêndios rurais de junho na região Centro, nomeadamente o fogo que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17, entregou esta quinta-feira no Parlamento o seu relatório final.
De acordo a Lusa, o documento, que analisa incêndios em 11 concelhos dos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco ocorridos entre 17 e 24 de junho, refere que, apesar de o fogo de Pedrógão ter tido origem em descargas elétricas na rede de distribuição, um alerta precoce poderia ter evitado a maioria das 64 mortes registadas.
"Não foram mobilizados totalmente os meios disponíveis" no combate inicial e houve falhas no comando dos bombeiros, pode ler-se no documento.
O primeiro-ministro, António Costa, na sequência da divulgação do relatório, já veio dizer que o Governo assumirá todas as responsabilidades políticas, se for caso disso.
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