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Portugal, um modelo de estabilidade na Europa... que esconde fragilidade - diz Bloomberg
Photo by Ivan Vranić on Unsplash

Portugal está na moda, sendo um destino apetecível para os turistas e para os investidores, nomeadamente imobiliários. E o país é apontado como um milagre a nível internacional. Mas parece que afinal nem tudo são rosas na economia nacional. O alerta é dado pela Bloomberg, que a poucos dias dos portugueses irem às urnas – as eleições legislativas realizam-se domingo (6 de outubro de 2019) – publicou um artigo no qual diz que Portugal é um modelo de estabilidade na Europa que esconde fragilidade.

“Hotéis de luxo em palácios de mármore, lojas sofisticadas e cafés movimentados dão aos visitantes do centro de Lisboa uma noção de quão longe Portugal chegou desde que esteve à beira de um ‘default’ há apenas oito anos”, escreve a agência financeira internacional.

Segundo a mesma fonte, comparativamente ao populismo e facciosismo que assolam a Espanha e Itália, Portugal parece uma ilha de estabilidade. Mas há também uma fragilidade no sucesso do país, e uma sensação incómoda de que o primeiro-ministro socialista António Costa pode não ter feito tudo o que podia durante os quatro anos de generosidade do banco central e, assim, preparar o país para a próxima crise.

Escreve a Bloomberg que o crescimento está a desacelerar e que a carga fiscal subiu para o nível recorde de 35% do PIB. Costa quer continuar a reverter os aumentos do imposto sobre os rendimentos implementados durante o resgate. Isso deixa pouca margem de manobra para a dívida pública, que quase duplicou na última década em termos nominais e era equivalente a 122% do PIB no ano passado, alerta.

“Numa crise, são sempre os países pequenos e vulneráveis que são atingidos”, disse Arne Rasmussen, diretor de research de produtos de renda fixa do Danske Bank, em Copenhaga, citado pela agência. “Não parece ser o caso agora, mas, se por algum motivo houver algum cenário político incerto ou crescimento mais lento do que o esperado, as pessoas poderão ficar nervosas”, acrescentou.

Opiniões dividem-se

“Metade do país diz que está melhor e outra metade diz que está pior. A sensação que tenho é que veio um fluxo muito grande de dinheiro e de pessoas para Portugal que, por sua vez, tornaram tudo mais caro”, comenta João Marcos Marchante, de 34 anos, sócio e produtor do Nebula, um estúdio de animação.

Citado no artigo, António Machado, diretor da Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL), diz que muitos moradores da capital tiveram de deixar os seus bairros porque os salários não conseguiram acompanhar os preços das rendas. 

Já Ricardo Silva, 43 anos, que serve cachorros-quentes num quiosque perto do edifício Cartier, na Avenida da Liberdade, diz que “os setores do turismo e imobiliário estão a ir muito bem, e muitas pessoas estão a beneficiar com isso". “Só precisamos que a maioria dos outros setores da economia melhore para que o país se torne mais sustentável”, acrescenta.

Para António Barroso, vice-diretor de pesquisa da consultora de risco político Teneo, em Londres (Reino Unido), mesmo superando as projeções das sondagens e ganhando as legislativas com maioria absoluta, Costa evitará iniciativas mais agressivas para impulsionar a economia: “Ele continuará a seguir um rumo centrista. Grandes reformas parecem estar fora da agenda”.

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