
Dois relatórios divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC, na sigla em inglês), denunciam a “inaceitável desiguldade” nas respostas ao problema do cancro no mundo. Os documentos frisam a importância de se olhar para os países mais pobres e apresentam um plano de ação para poupar vidas na próxima década.
“Se as atuais tendências continuarem, o mundo vai assistir a um aumento de 60% de casos de cancro durante as próximas duas décadas”, refere o comunicado de imprensa da OMS e da IARC, citado pelo Público. As previsões são ainda piores para países com baixos e médios rendimentos, onde o aumento calculado pelos especialistas será de 81% - quase o dobro. Em causa está a desigualdade no acesso a políticas de prevenção, a ferramentas de diagnóstico, a cuidados de saúde e a tratamentos.
Segundo a OMS, apenas 15% dos países mais pobres admitem conseguir garantir serviços de tratamento de cancro nos seus sistemas nacionais de saúde.
“Pelo menos sete milhões de vidas podem ser salvas na próxima década, identificando a ciência mais apropriada para a situação de cada país, impondo fortes respostas ao cancro na cobertura universal de saúde e mobilizando diferentes partes interessadas para trabalharem juntas”, adiantou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, citado no mesmo comunicado.
O relatório da OMS, intitulado “Estabelecer Prioridades, Investir com Bom Senso e Garantir Cuidados para Todos”, refere que em 2018 o cancro mais diagnosticado foi o do pulmão (11,6% de todos os casos), seguido pelo cancro da mama nas mulheres (11,6%) e pelo colo-rectal (10,2%). O cancro do pulmão é também a principal causa de morte por cancro (18,4%), seguido do colo-rectal (9%) e cancro do estômago (8,2%).
Uma em cada cinco pessoas vai desenvolver cancro
Os dados da organização referem que uma em cada cinco pessoas vai desenvolver cancro nos próximos 10 anos: nos países ricos, um em cada dois homens e uma em cada três mulheres.
O que fazer perante este cenário? Andre Ilbawi, representante do Departamento de Controlo do Cancro da OMS, referiu em conferência de imprensa que para salvar sete milhões de vidas do cancro até 2030 é preciso investir algo como “2,70 dólares por pessoa nos países pobres, 3,95 nos países de rendimentos médios e 8,15 por pessoa nos países ricos” (cerca de 2,44, 3,57 e 7,36 euros, respetivamente). Seria necessário, no total, um investimento de 25.000 milhões de dólares (22.590 milhões de euros).
Para poder comentar deves entrar na tua conta