Resultados das legislativas: como se explica a maioria absoluta do PS?

Os portugueses votaram no passado domingo, dia 30 de janeiro de 2021, e decidiram. O grande vencedor das eleições legislativas antecipadas de 2022 é o PS de António Costa, que conquistou 41,68% do total de votos e elegeu 117 deputados, conseguindo, assim, a maioria absoluta no Parlamento. Mas não foi o único a vencer: o Chega e a Iniciativa Liberal multiplicaram o número de deputados. Já a CDU e o BE dividiram e o CDS ficou pela primeira vez fora da Assembleia da República. Conhece aqui os principais resultados das legislativas 2022.

A noite eleitoral de domingo veio cheia de surpresas. E uma delas foi mesmo a maioria absoluta do PS, depois de seis anos de governação e de uma dissolução do Parlamento. Mas o seu líder António Costa garantiu que “maioria absoluta não é poder absoluto, não é governar sozinho”. E sublinhou que “esta maioria será uma maioria de diálogo com todas as forças políticas que representam os portugueses na sua pluralidade”. Na sua interpretação esta vitória é, antes, “um voto de confiança” dos eleitores, razão pela qual se comprometeu a “promover consensos” no Parlamento e na concertação social. O novo Governo deverá tomar posse na semana que se inicia a 20 de fevereiro, segundo revela a nota oficial publicada pelo gabinete do próprio primeiro-ministro.

António Costa, líder do PS GTRES

E como é que o PS conseguiu a maioria absoluta, contra todas as expetativas da campanha eleitoral? Os números deixam pouca margem para dúvidas: o PS conquistou milhares de votos à esquerda, do eleitorado do PCP, BE e até do PAN. Só os socialistas somaram mais 379.972 votos que nas eleições de 2019. Já o BE e o PCP, juntos, perderam 344.861 votos. Além disso, também o PAN recebeu menos 84.608 votos, refere o Expresso. Isto pode querer dizer o eleitorado de esquerda não emagreceu, mas concentrou-se no PS. E, recorde-se, que o BE e o PCP são os principais responsáveis pelo chumbo do Orçamento de Estado 2022, situação que levou a Marcelo Rebelo de Sousa a convocar eleições legislativas antecipadas.

Outra das novidades é a reconversão do perfil do Parlamento eleito para esta XV Legislatura. A começar pela menor fragmentação de um hemiciclo em que os partidos diminuem de dez para oito, tal como analisa o Público.

E em plena pandemia, a abstenção caiu face às eleições legislativas de 2019, o que para o Presidente da República “foi uma grande vitória”. “Estamos muito gratos aos portugueses”, com este resultado (cerca de 42%) declarou Marcelo Rebelo de Sousa. Ainda assim, em termos históricos, esta é a terceira mais elevada não ida às urnas desde 1975.

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Os grandes perdedores das legislativas 2022

O principal derrotado destas legislativas 2022 é mesmo o PSD de Rui Rio. Nestas eleições, o PSD obteve apenas 29,27% dos votos e elegeu 76 deputados, isto é, -12 pontos percentuais face ao rival PS. Em relação aos resultados de 2019, os sociais-democratas aumentaram a percentagem de votos, mas elegeram menos 3 deputados. E face a estes resultados Rui Rio já assumiu abandonar a liderança do partido.

Estas eleições legislativas 2022 também foram marcadas por outra grande derrota à direita. O CDS de Francisco Rodrigues dos Santos conseguiu apenas 1,61% dos votos e está pela primeira vez na história da democracia fora da Assembleia da República. Recorde-se que há dois anos o partido conseguiu eleger 5 deputados com 4,22% dos votos. Com este resultado, o atual presidente do partido pediu a demissão.

Com a transferência de votos à esquerda para o PS, o BE e PCP também viram os assentos parlamentares encolher. O partido liderado por Catarina Martins passou de ser a terceira força política para a sexta. Obteve apenas 4,46% dos votos e elegeu 5 deputados, menos 14 que em 2019. Também a CDU – coligação entre o PCP e os Verdes – conseguiu apenas 4,39% dos votos e eleger 6 deputados, ou seja, metade dos conquistados em 2019. Desta feita, o PEV não conseguiu eleger nenhum deputado.

À esquerda também o PAN de Inês Sousa Real conquistou menos votos em 2022 e assentos no Parlamento que em 2019. Angariou apenas 1,53% dos votos e elegeu apenas a própria líder. Já em 2019, conseguiu 3,32% dos votos e elegeu 4 deputados.

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Os vencedores das legislativas 2022

Além da grande vitória do PS, que conquistou a ambicionada maioria absoluta no Parlamento, há outras duas surpresas a assinalar à direita. Uma delas é a do Chega que se tornou na terceira força política: obteve um total de 7,15% dos votos e conquistou 12 assentos parlamentares. Recorde-se que em 2019 elegeu o primeiro deputado, o próprio líder André Ventura, com 1,29% dos votos.

O outro grande vencedor outra a Iniciativa Liberal de João Cotrim Figueiredo. Agora é a quarta força política com 4,98% dos votos e 8 deputados eleitos. Uma grande mudança, tendo em conta que há dois anos também só conseguiu eleger o próprio presidente do partido.

À semelhança de 2019, o Livre só conseguiu eleger um deputado, o próprio presidente Rui Tavares. Mas conquistou uma maior percentagem de votos: 1,28% em 2022 face a 1,09% em 2019,

Apurados os resultados eleitorais 2022, o hemiciclo do Parlamento ficou quase completo: já estão eleitos 226 de um total de 230 deputados. Isto porque ainda falta apurar os resultados dos círculos da Europa e de fora da Europa, que elegem um total de 4 deputados. Mas os resultados só serão conhecidos mais tarde, a 9 de fevereiro.

*Notícia atualizada dia 1 de fevereiro de 2022, às 11h23, com informação sobre a tomada de posse do novo Governo socialista.