
A subida das taxas de juro diretoras pelo Banco Central Europeu (BCE) para travar a inflação acaba por influenciar o aumento generalizado dos juros na Zona Euro, quer nos créditos habitação, quer nos depósitos a prazo. Mas nem todos os países europeus estão a refletir esta subida dos juros diretores da mesma forma. Colocar as poupanças num depósito a prazo rende 1,44% nos Países Baixos, enquanto em Portugal rende 20 vezes menos. A taxa de juro nos depósitos a prazo no nosso país, de 0,07%, foi mesmo a terceira mais baixa da União Europeia (UE) em agosto.
A tendência de colocar as poupanças no banco a render foi-se perdendo, sobretudo, em Portugal, onde as taxas de juros nos depósitos a prazo estão abaixo de 0,50% desde dezembro de 2015, segundo mostram os dados do Banco de Portugal. Mas nem por isso as famílias deixaram de proteger o dinheiro neste tipo de instrumento financeiro: embora o montante depositado nos bancos tenha descido nos últimos dez anos, em agosto este valor deu o salto de 7% face a julho, atingido os 4.124 milhões de euros. Este é o valor mais elevado desde janeiro de 2020.
Este movimento pode ser explicado pelas expectativas da subida das taxas de juro nos depósitos a prazo, depois do BCE ter aumentado os juros diretores em 125 pontos base e prometer continuar a fazê-lo. Até porque na Europa “as taxas de juro dos novos depósitos bancários de particulares continuam a subir”, apontou o BCE numa nota de imprensa. “Em agosto, a taxa de juro anual média dos depósitos com prazo acordado situou‑se em 0,48%” (em julho foi de 0,38%), referem ainda.
Olhando para os países da UE, salta à vista que Portugal é o que tem a terceira taxa de juro média nos depósitos a prazo mais baixa (0,07% em agosto), estando no mesmo patamar da Eslovénia (0,07%). Abaixo destes valores está só a Irlanda, com uma taxa de 0,06%, mostram os dados do BCE. É nos Países Baixos onde mais rende colocar as poupanças nos depósitos a prazo (1,44%), seguido pela Itália (1,12%), Estónia (1,07%) e França (0,94%).
Estes dados mostram que nem todos os países europeus estão a sentir a subida de juros pelo BCE da mesma forma no que aos depósitos a prazo diz respeito: uns demoram mais tempo a ver as taxas de juro subir do que outros.
Mas a expectativa dos portugueses está lá e pode justificar o aumento sentido em agosto no montante atribuído aos depósitos a prazo. Por outro lado, é um instrumento financeiro que permite proteger o dinheiro da inflação - que atingiu os 9,3% em setembro - de forma fácil e segura. Até porque este capital dos depósitos poderá ser importante para dar resposta a situações inesperadas ou até para dar entrada de uma casa.
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