
Os portugueses estão a sentir o seu poder de compra pressionado pela subida generalizada dos preços dos produtos e serviços, bem como pelo aumento da prestação da casa. Isto porque a inflação em Portugal fixou-se 8,9% em agosto, estando no nível mais elevado dos últimos 30 anos. E na falta de capital para suprir todas as despesas mensais, os portugueses podem sentir-se tentados em recorrer às poupanças. É por isso a hora de pôr o dinheiro a render para que a inflação não engula as tuas poupanças. Neste artigo, mostramos-te onde podes investir e quais os riscos que deves ter em conta.
Desenhar uma estratégia para rentabilizar as poupanças não é tarefa fácil. Primeiro há que definir qual é o teu perfil de investidor e conhecer os produtos de investimento disponíveis no mercado. E ter desde logo em mente que os produtos que têm maiores ganhos são também os mais arriscados.
Onde investir as poupanças?
Qualquer tipo de investimento das poupanças tem os seus riscos. E quanto maior for o risco maior será o possível retorno do investimento em produtos financeiros. Uma forma de atenuar o risco será diversificar o investimento: ora aplicando capital num produto mais seguro, ora investindo num produto que possa dar mais retorno.
Estes são os principais produtos de investimento onde poderás aplicar as tuas poupanças com peso e medida:
- Plano de Poupança Reforma (PPR): trata-se de produtos de poupança de médio ou longo prazo, vocacionados para a reforma. Ao subscrever e reforçar periodicamente um PPR estás a garantir que, quando a reforma chegar, tens um complemento financeiro à pensão de velhice, refere a nota publicada pelo Santander. Atenção que há vários tipos de PPR que têm riscos diferentes: os mais seguros são os produtos com capital e retorno garantido, mas têm retornos mais reduzidos.
- Depósitos a prazo: para já, a generalidade destes depósitos apresenta remunerações reduzidas, já que a inflação continua superior às taxas de juro. Mas esta situação poderá mudar em breve: com o Banco Central Europeu a subir as taxas de juro diretoras em 125 pontos base e a prometer novas subidas, poderá ser boa ideia investir em depósitos a prazo. Isto porque são instrumentos seguros, simples e de fácil acesso, que podem servir para dar resposta a situações inesperadas ou até para dar entrada de uma casa.
- Fundos de investimento: estes instrumentos financeiros captam dinheiro dos investidores com o objetivo de formar uma carteira com diferentes ativos. Trata-se de uma alternativa ao investimento direto nos ativos e têm como principal objetivo constituir uma poupança de médio e longo prazo, lê-se na mesma nota. Aqui podes investir em fundos de investimento imobiliário, por exemplo.

- Seguros financeiros: são produtos de investimento destinados a quem queira constituir uma poupança de curto ou médio prazo. E dividem-se em duas modalidades: seguros de capitalização, que, por regra, têm capital garantido, sendo o seu principal risco a perda real de rendimento com a alta inflação. E os seguros ligados a fundos de investimento, que não têm capital garantido, pelo que o maior risco é a perda de parte do capital investido.
- Obrigações: trata-se de títulos de dívida de empresas ou Estados. Quando se investe em obrigações está-se a emprestar dinheiro a esta instituição, em troca do pagamento de um juro (cupão), que é pago periodicamente. Geralmente, as obrigações destinam-se a investidores já com conhecimento do mercado, já que enfrentam três grandes riscos: de taxa de juro, de crédito e liquidez. Se quiseres investir em obrigações procura ajuda de profissionais.
- Ações: trata-se de valores mobiliários que representam uma parcela do capital social de uma sociedade anónima. Ao comprar ações de uma empresa passas a ser acionista da mesma e tens a possibilidade de ganhar com a sua evolução em bolsa. Atenção que aqui há vários riscos em causa (de capital, liquidez e de mercado) pelo que este tipo de investimento é sobretudo destinado a investidores com elevados conhecimentos financeiros e que estejam dispostos a arriscar para ter retorno financeiro, refere a mesma publicação.

Quais os riscos associados ao investimento?
Um passo importante antes de fazer qualquer investimento passa mesmo por verificar quais os riscos associados aos produtos financeiros. E segundo a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) estes são os principais riscos a ter em conta:
- Risco de mercado: possibilidade de a evolução da cotação do produto no mercado afetar o montante a receber pelo investidor;
- Risco de crédito: possibilidade de o emitente do produto deixar de pagar o rendimento ou o capital inicial do produto;
- Risco cambial: possibilidade da moeda em que o produto foi emitido desvalorizar face à moeda do país do investidor;
- Risco de liquidez: impossibilidade de resgatar o produto a qualquer momento e reaver o respetivo montante ou de proceder à sua venda a um preço justo;
- Risco fiscal: possibilidade de agravamento do regime de tributação dos rendimentos ou das mais-valias;
- Risco político: possibilidade de desvalorização decorrente das circunstâncias políticas do Estado de origem do emitente;
- Risco de conflito de interesses: possibilidade de os seus interesses serem subordinados aos interesses do emitente e/ou aos interesses do intermediário que lhe oferece o produto.

O que ter em conta antes de investir as poupanças?
Para que as tuas poupanças sejam investidas com pés e cabeça e, no futuro, possas tirar benefícios destes investimentos, a CMVM recomenda que antes de investir tenhas em atenção a estes 10 aspetos:
- Decide quanto pretendes investir, por quanto tempo (maturidade) e qual o capital que estás disposto a correr o risco de perder;
- Verifica se alguém (e quem) te garante o capital investido (e tem em atenção o respetivo risco de crédito);
- Não invistas o dinheiro que podes precisar para o teu dia a dia;
- Se o dinheiro que pretendes investir está destinado a uma emergência, não o apliques em produtos que não seja possível resgatar a qualquer momento, sem perda de valor ou custos excessivos;
- Presta atenção à rentabilidade: as rentabilidades dos produtos podem não ser garantidas e as menções feitas podem representar meras possibilidades.
- Compara as várias alternativas de investimento existentes no mercado e os custos praticados (comissões).
- Não invistas através de entidades, ou de websites, não registados ou não autorizados. Confirma o registo/autorização no site da CMVM;
- Exige ao intermediário financeiro os documentos informativos obrigatórios, nomeadamente, prospetos, ficha informativa, regulamento de gestão, e prospetos simplificado, quando se trate de fundos de investimento;
- Não invistas apenas com base em informação publicitária. Se a publicidade te chamou a atenção, solicita à instituição financeira toda a informação disponível sobre o produto.
- Procura sempre informar-te sobre os piores cenários possíveis do ponto de vista dos teus interesses e não invistas se não estás disponível para suportar as consequências.

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