Bancos centrais da Islândia, Canadá e EUA são os campeões das subidas dos juros diretores, aumentando-os em mais de 300 pontos.
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Subida dos juros pelo BCE
GTRES

Hoje, o Banco Central Europeu (BCE) tem um objetivo bem claro no horizonte: baixar a taxa de inflação na Zona Euro, que chegou aos 9,9% em setembro. E para o fazer não tem medo de usar a sua principal arma: subir as taxas de juro diretoras, muito embora reconheça que há risco de a economia europeia entrar em recessão. Na quinta-feira, dia 27 de outubro, o Conselho do BCE anunciou a terceira subida das taxas de juro diretoras em 75 pontos base, elevando a taxa de refinanciamento para os 2%. Ainda assim, esta taxa é inferior à média dos juros das economias mais desenvolvidas do mundo, que atingiu os 2,4%. Nos EUA e no Canadá, por exemplo, os juros diretores já estão acima dos 3%.

Olhando para a evolução dos juros dos bancos centrais monitorizadas pelo portal ‘cbrates’, a principal taxa de juro do BCE continua abaixo de, pelo menos, oito economias desenvolvidas: Islândia, Canadá, Nova Zelândia, EUA, Coreia do Sul, Austrália, Noruega e Reino Unido, refere o Expresso.

Embora o regulador europeu já tenha subido as taxas de juro diretoras em 200 pontos base em 2022, há bancos centrais no mundo que aumetaram os juros ainda mais desde janeiro até outubro, como é o caso da:

  • Islândia: subiu os juros em 375 pontos base;
  • Canadá: aumentou os juros diretores em 350 pontos base (a última subida foi decidia esta semana);
  • EUA: a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) subiu os juros em 325 pontos base neste período. Há uma reunião à espreita no próximo dia 2 de novembro que poderá ditar, ou não, um novo aumento dos juros diretores no país. Há, contudo, analistas a afirmarem que o Fed poderá abandonar o caminho de maior restrição monetária, depois da divulgação dos últimos dados sobre a confiança dos consumidores na economia.
Subida dos juros pelos bancos centrais
Expresso via Cbrates.com

Porque é que os juros no BCE subiram menos que as taxas dos outros bancos centrais?

Há uma justificação simples para esta diferença dos aumentos entre o BCE e os outros bancos centrais: enquanto as economias mais avançadas decidiram iniciar o ciclo de subida dos juros diretores já em 2021 – como a Islândia, Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido -, o regulador europeu só começou a subir as taxas de juro diretoras em julho, primeiro em 25 pontos base e, depois, em 75 pontos (em setembro e outubro).

O BCE demorou a começar a subir os juros diretores por dois motivos principais, refere o mesmo jornal:

  • Dar prioridade à descontinuação dos programas de aquisição de ativos, antes de começar a subir os juros;
  • Fragilidade das economias com níveis de dívida pública elevados ou com dinâmicas estruturais de défice orçamental, como é o caso de Itália.

Mas ainda vai a tempo de recuperar o tempo perdido para pôr um travão na inflação na Zona Euro. De acordo com Christine Lagarde, presidente do BCE, haverá mais aumentos dos juros diretores à espreita, já que até ao momento o ciclo inflacionista continua em alta na Europa. Os 59 analistas económicos consultados pelo BCE, entre 30 de setembro e 6 de outubro, reviram em alta as previsões da inflação na Zona Euro até 2024. A inflação no espaço europeu deverá aumentar 8,3% em 2022 (contra 7,3% no inquérito anterior), 5,8% em 2023 (contra 3,6%) e 2,4% em 2024 (contra 2,1%). 

Mas quanto poderá ser a dimensão da nova subida dos juros diretores do BCE? Para o governador do Banco de França Villeroy de Galhau, os dirigentes do BCE "não têm qualquer obrigação" de repetir a subida de 0,75 pontos decidida nas suas duas últimas reuniões, de julho e setembro. "Não somos subscritores do que tem sido chamado de subidas jumbo", frisou Villeroy de Galhau, admitindo, contudo, que "a inflação é uma doença da economia" e "quanto mais cedo for tratada, menos grave deverá ser o tratamento". 

Subida de juros
Wikimedia commons

Há bancos centrais a remar em sentido contrário…

Contas feitas, houve 294 decisões de subida de juros pelos bancos centrais do mundo até 27 de outubro desde ano, um valor bem superior ao registado no ano passado (113), refere o semanário. Mas nem todos os bancos estão a seguir a mesma política monetária. Há, inclusive, países que estão a desder a taxa de juro diretora como é o caso da Rússia, da Turquia e da China. E há também quem a decida manter, como o Japão.

Um dia depois do BCE ter voltado a subir os juros diretores, o Banco do Japão decidiu manter a política monetária, deixando a taxa de juro de curto prazo de referência em -0,1%, bem como o programa de compra de fundos negociados em bolsa para manter a curva de rendimento das obrigações do Estado a 10 anos em cerca de 0%. Esta decisão foi tomada apesar da aceleração da inflação – atingiu os 3% em setembro - devido ao aumento dos custos da energia, das matérias-primas e da contínua depreciação do iene (moeda japonesa) em relação ao dólar.

*Com Lusa

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