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Trocado por miúdos: Tens as contas desorientadas? E agora?
GTRES

Artigo escrito para o idealista/news, no âmbito da rubrica “Trocado por Miúdos”, por joao.raposo@reorganiza.pt, partner da Reorganiza.

O tema do incumprimento bancário é recorrente e parece não ter fim. Mas o problema do desnorte nas contas pessoais não é apenas em situações de incumprimento. Muitos portugueses passam por situações de risco de incumprimento e acabam por enterrar a cabeça na areia na esperança que os problemas se resolvam só por si. Várias das situações de risco de incumprimento ou mesmo já de incumprimento é por desconhecimento dos portugueses dos meios que têm ao seu alcance para evitar ou regularizar estas situações. Por exemplo: conheces a legislação do PARI/PERSI? Vale a pena consultares o próprio do Decreto Lei para saber com mais detalhe os direitos que te assistem.

Quando um devedor verifica que está com dificuldades em cumprir com as suas responsabilidades, muitas vezes comete um dos erros mais fatais: recurso a crédito fácil!

O crédito pode ser uma forma inteligente de gerir o teu dinheiro. Mesmo o facto de contraíres um novo crédito para consolidar as restantes responsabilidades de crédito pode fazer todo o sentido e conseguires obter elevadas poupanças. O problema coloca-se quando o crédito é fácil de obter. Há uma expressão popular muito sábia para estas situações: quando a esmola é grande o pobre desconfia! Se algum credor está disposto a financiar-te com facilidade é porque está a assumir muito risco e isso vai refletir-se na taxa de juro a pagar. Lembra-te que “eles” são muito simpáticos no dia do financiamento, mas não perdoam quando forem cobrar valores em atraso. Imagina o teu caso: eras capaz de emprestar alguma coisa a alguém sem conheceres as garantias que essa pessoa oferece para restituir o que é teu?

Se algum credor está disposto a financiar-te com facilidade é porque está a assumir muito risco e isso vai refletir-se na taxa de juro a pagar

Este aspeto de quem é o dono do dinheiro é muito interessante. Facilmente o devedor acha-se o dono daquele dinheiro que realmente recebeu. Mas o devedor não é o dono. É o credor! Esta verdade tão óbvia é muitas vezes esquecidas quando o credor vem exigir o pagamento do dinheiro em falta e as pessoas argumentam que eles não têm direito de procederem assim. (É verdade que os departamentos de cobranças são por vezes irrazoáveis nas abordagens, mas têm toda a legitimidade em ligar sempre que entenderem para solicitarem o dinheiro em falta).  

Antes de olhares para fora a ver quem pode ajudar-te a orientar as tuas contas, olha primeiro para ti. Procura ter um orçamento familiar. Faz as contas à vida de forma que os teus gastos sejam menores que os rendimentos fixos. Ou seja, não consideres que podes ter despesas até ao limite dos rendimentos e incluíres nesse cálculo o recurso à Conta Ordenado. É frequente verificar que as pessoas contam com duas fontes de rendimento no mesmo mês: o ordenado e o descoberto da conta à ordem! Normalmente só se lembram deste recurso quando o 1º esgotou-se. Cuidado, porque assim como no ponto acima foi referido que num crédito o dinheiro não é teu, na Conta Ordenado é a mesma coisa.

Se estás a utilizar mais dinheiro do que aqueles que recebes do teu vencimento é porque parte desse dinheiro não é realmente teu. Também há aqueles que consideram como fixo rendimentos que são fruto de comissões comerciais. Ora, muitos portugueses passam por dificuldades porque pura e simplesmente deixaram de receber as comissões que se habituaram no passado. Procura fazer um estilo de vida concordante com o teu rendimento fixo.

Se vives no limite do resultado entre o que recebes e o que ganhas vais ter de focar-te na redução de custos. Por muito duro que seja a verdade é que é mais fácil reduzir os gastos do que aumentar os rendimentos. Não é que seja fácil… é “apenas” mais fácil cortar na despesa do que aumentar as receitas. Depende mais de ti deixar de gastar um euro que aumentar os rendimentos um euro. Com alguma facilidade diz-se que já não é possível “apertar mais o cinto”, mas quando começas a fazer um exercício de avaliação da tua vida verificas que afinal até há algum lado por onde pegar. 

É preciso ser exigente e criativo na forma de abordar a vida. Por exemplo, as empresas de telecomunicações vendem a ideia que todos temos de ter mais de 100 canais, telemóvel com internet e ainda telefone fixo em casa. Já reparaste há quanto tempo não fazes uma chamada de um telefone fixo? Já tentaste analisar quais os canais que realmente vês quando estás em casa? Se calhar não passa de meia dúzia. Se fizeres o cálculo da mensalidade do serviço a dividir pela meia dúzia de canais que vês se calhar vais ter nesse resultado um incentivo para deixar de pagar tanto por tão pouco.

Estes tempos de maior aperto financeiro levaram muitos portugueses a encarar de forma positiva (e não derrotista) as novas circunstâncias da vida e encontraram soluções criativas de redução de despesas.  A atitude de desânimo não te leva a lado nenhum. 

Não te demitas de fazer a tua parte. Vives num mundo competitivo e podes beneficiar desta concorrência para encontrar formas de pagar menos por aquilo que pretendes

Não te demitas de fazer a tua parte. Vives num mundo competitivo e podes beneficiar desta concorrência para encontrar formas de pagar menos por aquilo que pretendes. A concorrência é grande e está ao teu alcance conseguires reduzir os encargos com os seguros, com as telecomunicações e até mesmo com os bancos. Como foi referido acima há inclusivamente legislação que obriga os bancos a apoiarem-te no esforço de redução de encargos com as prestações bancárias. É verdade que os bancos não gostam de facilitar, mas na vida em que estamos há mais incentivo a negociar hoje do que a assumir um incumprimento permanente daqui por uns meses. Para conseguires negociar com os bancos as melhores condições podes sempre recorrer a especialistas na renegociação de créditos que ajudar-te-ão a ter as contas reorganizadas! 

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