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Trocado por miúdos: É possível renegociar créditos? Sim, e traz poupanças!
GTRES

Artigo escrito para o idealista/news, no âmbito da rubrica “Trocado por Miúdos”, por joao.raposo@reorganiza.pt, partner da Reorganiza

Mais uma vez recebemos a notícia do aumento dos incumprimentos na banca em Portugal. Mesmo com o aumento do salário mínimo nacional e algum alívio fiscal, a verdade é que os portugueses continuam com dificuldades em cumprir com as suas responsabilidades de crédito. 

Na notícia divulgada esta semana, com base nos dados do Banco de Portugal, afirma-se que quase 9% dos valores financiados às empresas e famílias estão em incumprimento. 

Antes de cairem em incumprimento há muito que os devedores podem fazer. Aliás, mesmo com incumprimento também é possível negociar com poupanças. Existe legislação que ajuda os devedores a negociarem com os bancos e instituições financeiras outras condições para conseguirem cumprir com os contratos de crédito: o PARI e o PERSI. É provável que ainda não tenhas ouvido falar deste Decreto-Lei, mas não deixa de ser curioso que o comum dos portugueses não o conheça quando os bancos tiveram a obrigação de comunicar esta legislação de 2012 a todos os seus clientes. Revela que muitas vezes não lemos todas as comunicações dos bancos, até porque eles comunicam estas novidades de forma mais discreta.

Formas de renegociar com os bancos

A primeira ideia que não podes perder de vista é que os bancos existem para fazer dinheiro. E isso é comum a qualquer outra atividade de negócio. Num modelo de negociação com os bancos é preciso montar o processo de forma a ser uma solução ganhadora para ambas as partes. Em muitos casos a negociação poderá passar por alargamento de prazos, o que faz com que o crédito possa sair mais caro no final do contrato, mas para ti é mais fácil cumprir. 

O ideal na negociação é conseguir reduzir taxas de juro, pois esta é o preço do dinheiro. Quanto mais alta a taxa de juro mais caro é o financiamento. Por isso, se conseguires pagar pelo mesmo dinheiro uma taxa de juro mais baixa estás a fazer bom negócio. 

Uma solução mista também é possível e pode trazer poupanças. Muitas vezes o prazo aumenta e a taxa de juro diminui. Nestes casos podes fazer as contas e vais verificar o quanto podes estar a poupar com esta negociação.

Para este tipo de negociações há empresas que são especializadas em obter os melhores resultados possíveis. Passas a gestão das tuas dívidas a uma empresa e eles libertam-te deste trabalho negocial, normalmente com resultados mais positivos do que quando o fazes individualmente.

O que fazer com a poupança

A poupança das negociações dos créditos deve ser entendida no seu horizonte temporal. Por um lado, podes obter poupanças significativas olhando diretamente para o custo total do empréstimo, conforme explicado assim. Mas, por outro lado, também deves considerar as poupanças de curto prazo para amortizares outras responsabilidades. Imagina que negoceias um período de carência de capital no teu crédito à habitação. A tua prestação irá reduzir significativamente durante esse tempo (seja de seis meses, um ano ou dois anos). Mas na prática o montante em dívida do teu crédito não está a reduzir, pelo que poderás estar apenas a “marcar passo”!

No entanto, se utilizares a poupança gerada pela carência para liquidar um cartão de crédito com taxa de juro a rondar os 20%, no final do período de carência pagarás a nova prestação, mas já não terás este cartão que liquidaste. Desta forma, tens uma poupança efetiva porque canalizaste a poupança para diminuíres o endividamento. O maior erro é pensar que o alívio na renegociação dá logo um aumento do poder de compra. Cuidado! Podes estar a corrigir uma situação do curto prazo com consequências piores no médio-longo prazo. Para não caíres na conversa dos bancos podes sempre consultar ajuda especializada.

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