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Torre da Portugália sem consensos, mas Manuel Salgado diz que é “um bom projeto"
© D.R. via Diário de Notícias

Na segunda versão do projeto para o quarteirão da Cervejaria Portugália, em Arroios, Lisboa, a polémica torre terá 49 metros – menos 11 do que era previsto, depois de muita contestação. Ainda assim, a construção está longe de gerar um consenso: os moradores contestam os créditos de construção e continuam a achar a torre desadequada para aquela zona. Já o vereador municipal do urbanismo de Lisboa, Manuel Salgado, diz que este é um “bom projeto”.

O projeto não foi bem recebido desde o primeiro momento e continua a dar que falar. O megraempreendimento prevê a construção de quatro prédios novos (um deles será a torre da discórdia) e a reabilitação do antigo edifício da Fábrica da Cerveja e do famoso restaurante. Ao todo serão cerca de 85 apartamentos, sendo que o projeto contempla ainda a construção de escritórios, espaços de co-work e uma zona comercial.

O projeto inicial previa a construção de uma torre de 60 metros, que rapidamente gerou uma onda de críticas. As vozes dos moradores lisboetas não demoraram a revelar-se contra o arranha-céus, criando um movimento “O Stop Torre 60m Portugália”, que fez chegar à assembleia municipal uma petição com mais de 2.800 assinaturas contra a construção, motivando os vários debates que se sucederam ao longo das últimas semanas.

O arquitetos do gabinete ARX, responsáveis pelo projeto, apressaram-se a trabalhar numa segunda proposta, “roubando” 11 metros à versão inicial da torre. As alterações foram apresentadas esta quinta-feira, 18 de julho de 2019, na Assembleia Municipal de Lisboa, numa sessão pública em que foram ouvidos os autores do projeto para o Portugália Plaza, bem como vários munícipes e o representante do movimento “Stop Torre 60m Portugália”, Miguel Pinto.

O arquiteto do empreendimento, José Mateus, explicou que com esta reformulação foi aumentada a área de permeabilização dos terrenos – uma das grandes críticas apontadas ao projeto -  e reforçada a arborização da zona, com a construção de grandes canteiros ajardinados no centro com lúpulos em alusão à produção de cerveja, segundo o Público.

Apesar das alterações, o projeto continua longe de agradar aos munícipes. Um dos temas contestados pelos moradores são, por exemplo, os créditos de construção. “Na versão anterior do projeto tínhamos uma superfície de pavimento base de 18 mil metros quadrados e créditos de construção de 11 mil. Valorizando cada metro quadrado a cinco mil euros estamos a permitir um encaixe financeiro adicional de 55 milhões de euros”, disse Miguel Pinto.

“O que estamos também aqui a discutir é uma política da câmara que permite a grandes investidores imobiliários fazer mais-valias de dezenas de milhares de euros sem qualquer contrapartida relevante para a cidade”, sublinhou ainda no debate na assembleia municipal.

Manuel Salgado diz que é um “bom projeto”

O vereador responsável pelo urbanismo da Câmara de Lisboa considera “que este é um bom projeto, que gera espaços públicos de qualidade, que se integra corretamente no local" e que "melhorou substancialmente em relação a 2010" -  ano que houve um projeto aprovado para o local. Salgado indicou que pretende dar o seu aval ao projeto e que depois "o plenário [da Câmara] decidirá".

Sobre os créditos de construção, o vereador também teve uma palavra a dizer. Admitiu "convictamente" que considera que "o regulamento dos créditos deve ser revisto e afinado", mas acrescentou que não defende que deva ser abolido, lembrando mesmo que antes do que está previsto no atual Plano Diretor Municipal, os ditos créditos "eram dados sem limites e critérios", escreve o Jornal de Negócios.

"O primeiro cálculo [de créditos de construção] proposto pelo promotor foi recusado pelos serviços", explicou o vereador, esclarecendo que depois da consulta pública "foram suscitadas questões que foram transmitidas ao promotor" e "recomendações que deram origem às alterações apresentadas". Manuel Salgado garantiu que "ainda há mais correções que têm de ser feitas e que os serviços irão transmitir aos promotor e autor do projeto", esclarecendo que o projeto terá ainda de ser apreciado pelo executivo municipal.

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