O mercado imobiliário enfrenta desafios globais e as regras do jogo estão a alterar-se, devido a uma conjugação de fatores nos últimos três anos, que podem vir a provocar uma queda de preços sem precedentes desde a crise internacional do subprime. O alerta foi dado no primeiro Fórum Global de Investimento Imobiliário da PIMCO, em Newport Beach (Califórnia), que recentemente reuniu centenas de profissionais de investimento de todo o mundo para discutir as perspetivas, riscos e oportunidades do setor imobiliário comercial.
Entre os principais fatores de risco, que se têm vindo a acumular desde o estalar da pandemia da Covid-19 em 2020, estão a mudança drástica no uso de edifícios, o crescimento galopante das taxas de juro, a alta inflação, as quebras bancárias nos Estados Unidos e Europa, e agora uma recessão iminente, resume a Funds People.
“Esta turbulência irá desafiar as regras do jogo e irá exigir uma nova abordagem à subscrição imobiliária. No horizonte cíclico, é provável que a dinâmica do setor imobiliário comercial piore antes de melhorar”, avisam Francois Trausch, CEO e diretor de Investimentos na PIMCO Prime Real Estate, e John Murray, gestor e diretor da equipa de imóveis residenciais desta entidade, citados pela publicação especializada.
Turbulência económica e nos mercados gera oportunidades de investimento no imobiliário
Apesar de este cenário poder parecer desanimador para os investidores, no entender destes gestores, também pode ser um dos melhores períodos em décadas para investir capital. E explicam porquê.
Consideram, por um lado, que há um potencial sem precedentes na dívida imobiliária, em termos de curto prazo. “Isto inclui novas oportunidades em dívida sénior à medida que os credores saem, bem como na dívida pública e privada em distress. Prevemos um tsunami de vencimentos de empréstimos imobiliários até 2025 - incluindo pelo menos 1,5 biliões de dólares nos Estados Unidos, cerca de 650.000 milhões de euros na Europa e 177.000 milhões de dólares na região Ásia-Pacífico. Além da grande quantidade de oportunidades que a dívida oferece, é preciso posicionar as carteiras para realizar alguns investimentos em equity em setores com fortes ventos favoráveis seculares, como o residencial, a logística e os centros de dados”, analisam os responsáveis da gestora de fundos norte-americana e uma das maiores a nível mundial.
Trausch e Murray alertam que todo este contexto exige uma visão a longo prazo sobre a economia mundial e uma compreensão detalhada da dinâmica dos mercados locais e alertam para os riscos de abrandamento da economia internacional “No geral, observamos perspetivas melhores em dívida sénior e estamos mais cautelosos em equity”.

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Mundo vai em diferentes sentidos: olho à economia global e mercados globais na hora de investir no imobiliário
Uma coisa é certa, tal como resume a Funds People: a pandemia veio mudar as atividades de arrendamento de casas, escritórios, comércios e outros setores e as tendências do mercado vão evoluir de forma distinta nos diferentes pontos do globo. “Por exemplo, os edifícios de escritórios em zonas comerciais em cidades como São Francisco são desafiados pelas tendências de trabalho remoto. No entanto, o entusiasmo pelo trabalho a partir de casa tem sido menos acentuado em mercados como Londres, Singapura e outras capitais asiáticas. Existe também uma discrepância nos EUA entre os fundos de investimento imobiliário (REIT), que perderam cerca de uma quarta parte do seu valor em 2022, e os preços nos mercados privados”.
Francois Trausch e John Murray concordam que estas correntes cruzadas irão criar volatilidade e oportunidades de investimento de valor relativo nos quatro quadrantes de dívida cotada e privada e de equity cotado e privado. “A paciência também será importante, uma vez que a oferta e a procura acabarão por determinar o valor a longo prazo dos imóveis. As restrições de uso do solo e os elevados custos de construção irão reduzir a oferta mais do que em qualquer outro ciclo anterior, sustentando as ações imobiliárias a longo prazo”, concluem os responsáveis citados no mesmo artigo da Funds People.
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