
A Quinta da Cardiga, localizada na Golegã e classificada como imóvel de interesse público desde 1952, vai ser requalificada e transformada num hotel de quatro estrelas que terá ao todo 116 quartos. O hotel Vila Galé Collection Tejo – Country Resort Hotel Convention, Spa & Equestrian Sports começa a sair do papel em 2025 e a abertura ao público da primeira fase, que contempla 71 quartos, está prevista para junho de 2026. Em causa está um investimento de cerca de 20 milhões de euros do grupo hoteleiro português Vila Galé.
A primeira fase dos trabalhos do hotel, que terá como tema a história da Ordem dos Templários e da Ordem de Cristo, “será dedicada à recuperação do núcleo principal do empreendimento, composto pelo Palácio – preservando-se os seus amplos salões, cúpulas e abóbadas seculares, bem como os múltiplos painéis de azulejos e estatuária –, Lagar e Celeiro”, revela o grupo Galé em comunicado.
A empresa adianta ainda que serão também recuperados os antigos edifícios das cocheiras e do picadeiro, de forma a poder receber competições oficiais, e da capela, “decorada com azulejaria de padrão e retábulo de pedra na capela-mor com alto relevo da Nossa Senhora da Misericórdia”.
Numa primeira fase o hotel terá, além dos 71 quartos, receção, bar panorâmico, restaurante, spa com piscina interior, salas de massagens e ginásio, piscinas exteriores para adultos, zona de lazer para crianças e campos de futebol, padel e polidesportivo, picadeiros externo e coberto e cocheiras.

“Já a segunda fase, que decorrerá em 2027, será dedicada ao conjunto de edifícios a norte da Quinta da Cardiga, também desativados e em ruínas. Aqui, surgirão mais 45 quartos e um grande salão de eventos”, lê-se na nota.
“Será um resort de campo que (…) estará muito ligado à tradição equestre. Mas também homenageará o valor histórico do Palácio e de toda a propriedade, tirando partido da sua localização e da beleza das paisagens que rodeiam”
Jorge Rebelo de Almeida, presidente da Vila Galé
Segundo o presidente da Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, o objetivo passa por “fazer um hotel de grande qualidade, que permita atrair mais turistas e visitantes para a região”. “Será um resort de campo que (…) estará muito ligado à tradição equestre. Mas também homenageará o valor histórico do Palácio e de toda a propriedade, tirando partido da sua localização e da beleza das paisagens que rodeiam”, acrescenta.
Jorge Rebelo de Almeida destaca ainda o facto do grupo Vila Galé esta a apostar, mais uma vez, num projeto de recuperação de património situado no interior do país. “Queremos cada vez mais contribuir para o seu desenvolvimento, até para aliviar a carga turística que existe no litoral”, conclui.

Uma quinta com “vários séculos de história”
A Quinta da Cardiga “soma vários séculos de História”, recorda o grupo Vila Galé, contado que, em 1169, estas terras foram doadas por D. Afonso Henriques aos Templários, que ali ergueram um castelo integrado no sistema defensivo do Médio Tejo, do qual fazem também parte Almourol, Ceras e Zêzere.
“Com a extinção da Ordem Templária, a Quinta é entregue à Ordem de Cristo. Posteriormente, no século XVI, durante o reinado de D. João III, transforma-se numa propriedade de veraneio, de cariz apalaçado, graças à intervenção do arquiteto João Castilho (que também assinou a ampliação do Convento de Cristo, em Tomar). As novas construções, incluindo áreas habitacionais, claustros, pátios e produção agrícola, tiveram por base o castelo templário medieval, de que subsiste a torre de menagem. A partir de então, por aqui passou muita da nobreza e burguesia portuguesas, até que, após a revolução liberal e extinção das ordens religiosas, em 1836, a Quinta da Cardiga foi vendida em hasta pública por 200 contos de reis. A partir de então, teve sucessivos proprietários privados até ao seu declínio e abandono a partir da 2ª metade do século passado”, refere o grupo hoteleiro nacional.

“Todos esperavam há muitos anos que esta requalificação fosse possível”
Citado pela Lusa, o vice-presidente da Câmara Municipal da Golegã diz tratar-se de um “tipo de oferta é diferenciador”, sendo “direcionável a um tipo de turista com determinadas exigências” que também faz falta ma região. “Temos noção que atraímos, através da atividade equestre, diversos turistas, mas eles precisam de soluções mais diferenciadoras, como é o caso deste hotel", explica Diogo Rosa.
“É um palácio e um edifício classificado e está na memória de todos aqueles que vivem na Golegã, mas também nos concelhos de Entroncamento e Vila Nova da Barquinha. Todos esperavam há muitos anos que esta requalificação fosse possível e agora parece que finalmente conseguimos um passo seguro e com um grupo que tem cartas dadas neste tipo de projeto”, acrescenta.

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