O salário líquido dos licenciados diminuiu em média 9% entre 2011 e 2016. Uma quebra que se deve à subida do número de pessoas com licenciatura, à sua colocação em empregos que não exigem essa habilitação, à maior importância dada a mestrados e doutoramentos e às restrições às contratações no Estado.
Segundo o Jornal de Negócios, que se apoia em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), os licenciados estão, desta forma, a passar ao lado da recuperação de salários.
Os números comprovam esta tendência: entre 1998 e 2007, o salário líquido mensal dos licenciados aumentou de ano para ano, mas depois começaram a descer, tendo havido cortes no período entre 2012 e 2014. A partir de 2015, os ordenados dos licenciados estabilizam e não seguem a tendência geral de recuperação da economia. O valor nominal estagna nos 1.223 euros por mês, um valor que se repete, em média, já nos primeiros dois trimestres deste ano, escreve a publicação.
Na prática, um licenciado continua a ganhar mais que um trabalhador sem esses estudos, mas o prémio é cada vez menor. Se em 1998 os empregados com ensino superior ganhavam mais do dobro da média dos trabalhadores (+107%), em 2010 recebiam mais 72%. E nos cinco anos seguintes, até 2015, essa diferença baixou ainda mais, para 46%.
“Há seis, sete anos o mercado de trabalho teve uma quebra forte, que coincidiu com maior oferta de licenciados. Tivemos ao mesmo tempo maior oferta e menor procura”, explicou João Cerejeira, professor da Universidade do Minho e coautor de um estudo que analisou o prémio dos licenciados e dos pós-graduados.
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