
Ser capaz de fazer mil coisas ao mesmo tempo é uma vantagem? E será mesmo sinónimo de maior produtividade? Esta habilidade, também conhecida como “multitasking” (multitarefas), poderá, afinal de contas, ter os dias contados. Isto porque o “monotasking”, a capacidade de realizar uma tarefa de cada vez, está a ganhar popularidade. Especialistas acreditam que fazer uma única coisa, com foco e atenção, contribui para um maior bem-estar.
Thatcher Wine, fundador e CEO da Juniper Books, por exemplo, lançou o livro "O método monotasking". Um método que, segundo o autor, pode ajudar a compreender "que realizar várias tarefas ao mesmo tempo não é a solução para gerir uma agenda, pessoal ou profissional, cada vez mais preenchida. Bem pelo contrário". Assim, propõe estratégias para romper com os "desgastantes hábitos do multitasking" e realizar de forma isolada 12 tarefas comuns do quotidiano, como ler, comer ou caminhar. O objetivo, garante, passa por ser mais produtivo, ter menos stress, e pensar e viver melhor.
"O aceleramento da sociedade tem-nos exigido agir no imediato, produzindo uma urgência em executar muitas tarefas de forma rápida", refere Joana Rato, investigadora do Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde (CIIS), da Universidade Católica, e especialista em neuropsicologia, citada pelo Jornal de Negócios.

O aumento do potencial de erro
A investigadora recorda que as neurociências alertaram sempre para os prejuízos do "multitasking" e considera mesmo que a capacidade para realizar múltiplas tarefas é um "neuromito", até porque fazer várias coisas ao mesmo tempo exige um grande dispêndio de energia.
“O que se está a exigir ao cérebro é que se divida nos sistemas de atenção. O peso da carga cognitiva é distribuído entre a rede de alerta (que permite identificar de onde vêm os estímulos), de sustentação (que permite concentrar-se pelo tempo que a tarefa exige) e de controlo executivo (que dirige a energia) dos sistemas de atenção no cérebro", explica. A consequência? O aumento do potencial de erro.
Para a especialista, é fundamental valorizar o tempo de cada tarefa, respeitá-lo, e ser mais realistas sobre o que é exequível fazer num determinado período de tempo. É importante apender a gerir as tarefas.
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