
O teletrabalho deixou de ser recomendado pelo Governo, desde o passado dia 1 de outubro, e há empresas a reclamar que os funcionários voltem ao escritório para trabalhar sempre de forma presencial, mas há também entidades que aceitam o trabalho retomo, total ou parcialmente. E este regime de trabalho híbrido parece ser o que mais agrada aos colaboradores. Ajuda a aumentar a produtividade, mas também a pressão. E a flexibilidade é a palavra de ordem. Isto mesmo mostra o novo estudo da Adecco Resetting Normal: Definindo a Nova Era de Trabalho, sobre o impacto da pandemia no mundo laboral.
O estudo revela que, globalmente, mais de metade (53%) dos profissionais quer um modelo de trabalho híbrido em que pelo menos metade do tempo a trabalhar seja remoto, sendo que uma grande proporção dos inquiridos (71%) tem agora na sua casa as condições que permitem um trabalho remoto eficaz.
Os últimos 18 meses, de acordo com a análise da Adecco, provaram que o trabalho à distância não implica uma perda de produtividade, e que é possível uma forma de trabalho mais inclusiva e flexível. Mais de três quartos dos inquiridos querem manter a flexibilidade do seu próprio horário, regressando ao escritório, mas nos seus próprios termos. Este dado é mais incisivo nas gerações mais jovens e pais, que pedem mais tempo de escritório, com aqueles que têm filhos a querer estar no escritório mais (51%) do que aqueles que não o querem (42%).
Mas, embora muitos tenham beneficiado do trabalho híbrido, nem todos tiveram uma experiência positiva. As questões relativas à duração da semana de trabalho devem ser abordadas, uma vez que o futuro se mantém flexível, com menção de longas horas a aumentar 14% no último ano e mais de metade dos inquiridos (57%) afirmando que seriam capazes de fazer o mesmo trabalho em menos de 40 horas. Mais (73%) dos funcionários e líderes pedem para serem avaliados pelos resultados, ao invés das horas trabalhadas, uma tendência que já era forte em 2020.
Saúde mental deficiente destacada como questão emergente rápida

O relatório - que se baseia na investigação do Grupo para 2020, centrando-se nas perspetivas para 2021 (e mais) e alarga o estudo a 25 países e 15.000 inquiridos de empresas em todo o mundo - também revela que há o risco de se perder uma nova geração de líderes - com mais de metade dos jovens líderes (54%) a sofrer de burnout e 3 em cada 10 inquidos a afirmar, de um modo mais geral, que a sua saúde mental e física diminuiu nos últimos 12 meses.
As empresas, segundo a Adecco, devem, por isso, reavaliar a forma como podem apoiar melhor e fornecer recursos de bem-estar às suas pessoas dentro do novo modelo de trabalho híbrido, com 67% dos não-gestores a afirmar que os líderes não satisfazem as suas expectativas de verificar o seu bem-estar mental.
De natureza semelhante, segundo se pode concluir por este estudo, existe uma grande desconexão entre as opiniões da direção sobre o seu próprio desempenho e a opinião das suas equipas. A satisfação com a liderança é baixa, com apenas um terço dos não-gestores a sentir que estão a obter o devido reconhecimento dentro da empresa, e apenas metade dos inquiridos diz que os seus gestores cumpriram ou excederam as expetativas de encorajar uma boa cultura de trabalho (48%) ou ajudar a apoiar o seu equilíbrio trabalho/vida pessoal (50%). Isto é particularmente forte na Europa Ocidental e no Japão, cuja satisfação com a liderança sénior é mais baixa.
Finalmente, as conclusões salientaram que, com o baixo nível de motivação e empenho, menos de metade dos inquiridos estão satisfeitos com as perspetivas de carreira na sua empresa, quase 2 em 5 estão a mudar ou a considerar novas carreiras e 41% estão a considerar mudar para empregos com opções de trabalho mais flexíveis.
Como triunfar na era pós-pandemia, como empregador e trabalhador

A "demissão em massa" ainda não é evidente, mas chegou o momento de as organizações se reconectarem com a sua força de trabalho, realça a empresa que se apresenta como líder mundial em soluções de Recrusos Humanos. Além disso, dois terços dos profissionais estão confiantes de que as empresas vão recomeçar a contratar significativamente, com segurança, cultura, bem-estar e desenvolvimento dos aspetos mais importantes do emprego para o futuro.
"Para todos os que não são obrigados a estar fisicamente presentes para realizar o seu trabalho, é óbvio que nunca regressaremos ao escritório da mesma forma e que o futuro do trabalho é flexível", aponta o CEO da Adecco Portugal, frisando que "neste novo paradigma de trabalho, confirma-se que as soft skills são fator de sucesso inerente à adaptação a novas formas de trabalhar".
Competências como a comunicação, a empatia e inteligência emocional, o autoconhecimento, capacidade de escuta ativa, criatividade, empatia são essenciais para que esta alteração nas formas de trabalhar seja bem-sucedida, de acordo com Alain Dehaze.
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