Byron Haines é o atual chairman do Novo Banco. Até assumir este cargo, era responsável pela gestão do banco austríaco BAGAW P.S.K, o principal acionista do Cerberus, o fundo comprador de um lote de quase 200 imóveis que o Novo Banco vendeu com um desconto próximo dos 70% há cerca de um ano. A entidade portugusa liderada por António Ramalho registou assim uma perda de 328 milhões de euros.
A notícia é avançada hoje pelo Público, dando ainda nota de que os indícios de conflito de interesse e de eventuais decisões ruinosas no Novo Banco deram origem a uma queixa reportada à ESMA, Autoridade Europeia de Mercados e Títulos, na qual também se requer que se apure se “pessoas politicamente expostas” estiveram envolvidas na transação, sendo reclamada uma investigação criminal.
No dia 7 de agosto de 2019, segundo escreve o diário, o Novo Banco vendeu por 159 milhões de euros um lote de 195 propriedades agregadas a sociedades detidas indiretamente pelo fundo norte-americano Cerberus, que as adquiriram com um desconto de 67,9%. O valor bruto contabilístico da carteira de ativos imobiliários era de 487,8 milhões de euros e o conjunto incluía 1.228 unidades individuais, de diferentes usos (industrial, comercial, terrenos e residencial), abarcando também estacionamentos. A gestão do Novo Banco baptizou a transação de “Project Sertorius”.
Contas feitas, diz ainda o jornal, o negócio implicou uma perda de 328,8 milhões de euros em relação ao valor dos ativos registados no banco, ainda que tenha ocorrido num contexto em que o mercado imobiliário em Portugal se valorizou 15,6% em cinco anos.
O fundo nova-iorquino Cerberus relacionado com os veículos que adquiriram os imóveis desvalorizados é, desde 2006, o dono do banco austríaco BAGAW P.S.K., cujo CEO foi, até março de 2017, Byron Haynes. Trata-se do atual chairman do Novo Banco, em funções desde outubro de 2017, tal como indica o Público, recordando que depois de, em outubro de 2017, o fundo norte-americano Lone Star ter concretizado a compra de 75% do banco português (injectando quase mil milhões de euros), e ter assumido o controlo total da gestão, foi buscar o britânico para presidir ao CGS (Conselho Geral e de Supervisão, o equivalente a uma administração não executiva) do Novo Banco, que é reportado na qualidade de independente.
A escolha do banqueiro, devido à sua experiência de gestão no banco austríaco BAGAW P.S.K., sob fiscalização europeia, serviu então para legitimar a presença do Lone Star como acionista de controlo do Novo Banco, aponta o jornal.
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