
As obras do novo hospital CUF Tejo, em Alcântara, Lisboa, permitiram a descoberta, durante as escavações, de uma importante estrutura portuária que remonta ao século XVII. Trata-se da “da Doca do Baluarte ou Sacramento”, construída há “cerca de 350 anos” e “integrada nas construções para a defesa da Barra do Tejo em período filipino”, revelou fonte oficial da Direção-Geral de Património e Cultura (DGPC).
Segundo o Jornal de Negócios, que se apoia na DGPC, a doca em causa surgiu quando Portugal era governado por reis espanhóis, após o desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir – um período que se estendeu entre 1580 e 1640 –, e foi “utilizada durante mais de dois séculos”.
A estrutura encontrava-se em “relativo bom estado de conservação, com silhares em calcário lioz, encontrando-se preservada entre um metro e três metros de altura ao longo dos cerca de 30 metros na área do projeto”. No local, havia “vestígios de concreções conquíferas e de bio-erosão que são um elemento fundamental para a compreensão das alterações climáticas”, bem como a “evolução/ estabilização do nível das águas do mar”, o que a DGPC descreve como sendo uma “particularidade rara”.
Foi ainda encontrada dentro da doca uma “embarcação do século XVIII”, mas “em mau estado de conservação”.
De acordo com a DGPC, tendo em conta o “valor científico e patrimonial” da estrutura doca, bem como o seu “elevado grau de preservação”, deve ser “garantida a remontagem integral do troço da Doca do Baluarte ou Sacramento no âmbito dos arranjos exteriores do presente projeto”.
Na prática, este achado levou a que o grupo José de Mello Saúde atrasasse alguns meses a abertura da nova unidade de saúde, que agora apenas deverá ter lugar no primeiro semestre de 2019.
De acordo com a publicação, quando foi provado o projeto para o novo hospital CUF Tejo, foi comunicado aos promotores “a necessidade de realização de sondagens arqueológicas prévias”, já que o terreno em causa se localiza “numa zona onde se presumia haver vestígios arqueológicos”.
De referir que existem atualmente no rio Tejo, “junto da cidade de Lisboa, mais de mil referências arqueológicas náuticas e subaquáticas”. “E nos últimos anos são muitas as operações urbanísticas na beira-rio onde estes testemunhos têm sido confirmados”, refere a DGPC, dando como exemplos as “embarcações do século XIX no Campo das Cebolas, as embarcações na sede corporativa da EDP, o fundeadouro romano e a grade de maré do século XVII/XVIII na Praça de D. Luís I”.
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