“Sem um ‘brexit’ arquitetónico, não há solução” em Portugal e na Europa, alerta o conceituado arquiteto português.
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“Arquitetura em Portugal está em agonia”, diz Álvaro Siza Vieira
Lorenzo Cafaro en Pixabay

O arquiteto português Álvaro Siza Vieira, vencedor do Prémio Pritzker em 1992, considera que a arquitetura em Portugal “está em agonia”. A degradação da atividade deve-se, entre outras razões, às normas impostas pela Comunidade Europeia. 

Para o conceituado arquiteto, que falava na sessão de abertura do evento literário Correntes D'Escritas, na Póvoa de Varzim, “em Portugal e na Europa, excepto na Suíça, a arquitetura está em agonia”. “Os concursos dizem que o critério é o custo do projeto, que na prática significa o preço mais barato, fazendo com que haja gente a trabalhar com honorários impossíveis. Não sei onde vão buscar o proveito, sobretudo quando o trabalho é feito com empenho e sentido de responsabilidade”, lamentou, citado pela Lusa.

Segundo Álvaro Siza Vieira, de 86 anos, as referidas normas europeias dos concursos de contratação de obras por organismos estatais, bem como a burocracia inerente, estão na origem de “uma forte despesa publica”. “Sem um ‘brexit’ arquitetónico, não há solução. As instruções dizem que tem de haver concursos, pois as câmaras só podem pagar até 20.000 euros por ajuste direto, mas isso não dá para projetar uma cabana”, afirmou.

Salientando que atualmente a “arquitetura não interessa a ninguém”, Siza Vieira disse não perceber “o porquê dos deputados europeus não darem um murro na mesa”. “A arquitectura moderna singrou, teve êxito e prestígio, porque um dos seus propósitos era a qualidade para todos. Hoje é tida como uma velharia e um capricho inútil para alguma gente com dinheiro”, alertou.

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