Célia Martins e Sofia Nobre, responsáveis de máquinas numa fábrica BMI em Portugal, em entrevista.
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O Dia Internacional da Mulher celebra-se esta terça-feira, dia 8 de março, em todo o mundo. Símbolo de um marco histórico que remonta ao início do século XX, quando operárias dos EUA e da Europa realizaram inúmeras greves e mobilizações por condições dignas de trabalho e pelo direito ao voto. Neste dia, o idealista/news também dá voz a duas mulheres operárias, que há décadas desafiam um mundo (prevalentemente) dominado por homens. Célia Martins e Sofia Nobre são responsáveis de máquinas numa das fábricas BMI em Portugal, empresa especialista em telhados e coberturas.

Na unidade industrial de São Francisco do grupo BMI, localizada em Pêro Moniz, onde se produzem acessórios cerâmicos para telhados, trabalham 40 pessoas, das quais 10 são mulheres. Já este ano, a chefia desta fábrica passou para as mãos de uma cara feminina: Céu Gonçalves, que sempre sonhou fazer carreira na produção, é a nova Plant Manager, e também falou com o idealista/news – a entrevista completa pode ser lida aqui.

Na visita às instalações, Célia Martins e Sofia Nobre, duas mulheres operárias, também aceitaram dar o seu testemunho. Célia tem 48 anos e trabalha nesta fábrica há 25. Sofia tem 43 e acaba de completar 15 anos de serviço. Já fizeram um pouco de tudo, e são atualmente responsáveis de máquinas: pela desenforma, descarga, embalamento e colocação do material em parque. A empilhadora faz parte dos seus dias e já a tratam por “tu”, mas nem sempre foi assim. Célia Martins recorda os tempos antigos da fábrica, em que “se acartavam os carrinhos em feios cheios de material para o parque”.

Mulheres na indústria
Célia Martins, BMI Portugal idealista

“Já passei por muita coisa, desde o forno velho, desde estarem a pôr a serradura lá para dentro, apanharmos as brasas debaixo dos nossos pés, os pés muito quentes, ter que sair dentro do forno porque não aguentávamos lá com tanto calor”, explica.

Atualmente, as máquinas são uma grande ajuda, mas há muito trabalho que, por exigir grande perícia, ainda tem de ser manual. É um trabalho desafiante e “duro”, nas palavras de Sofia Nobre, que já fez um pouco de tudo dentro da fábrica. Ao idealista/news, diz que o objetivo é sempre melhorar, e aprender a facilitar o trabalho a si e aos seus colegas.

Ser mulher, num setor de homens

Célia conta que quando foi trabalhar para a BMI (na altura Lusoceram), trabalhavam muitos homens. Houve uma altura em que “desapareceram” e quase só havia mulheres. Agora, contudo, a maior parte das caras são masculinas, porque talvez os estigma (ainda) afaste a força de trabalho feminina do setor.

Para Sofia, ser mulher e trabalhar num “mundo” que ainda é dominado por homens, é um “grande desafio”. “Ser mãe, ser esposa, e trabalhar num trabalho que é duro não é fácil”, adianta, mas garante que com a ajuda de todos, tudo é possível. Faltou a muitas refeições com os filhos, porque o trabalho assim o exigia, mas hoje ja são crescidos, e “compreendem”.

Dia Internacional da Mulher
Sofia Nobre, BMI Portugal idealista/news

Ambas são mães, e reconhecem a flexibilidade da BMI na maternidade. Sofia garante nunca ter tido problemas nas saídas do trabalho para as idas ao médico ou reuniões da escola, por exemplo, e Célia partilha da mesma opinião. “Sempre tive o apoio da empresa na questão familiar”, indica.

Apesar de recente, consideram que ter uma mulher à frente da fábrica é uma mais-valia. “É uma coisa nova”, diz Sofia. Estavam “habituados a homens”. Para Célia, esta é também uma mudança importante. A prova, garante, de que “as mulheres podem fazer o mesmo que os homens”, e vice-versa.

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