Sofia, Cristina e Mafalda representam uma nova geração de mulheres que está a redefinir o mundo da construção.
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MELOM Obras
Fotografia: cortesia MELOM

O setor da construção é tradicionalmente um território dominado por homens. Durante décadas, a ideia de uma empreitada liderada por mulheres parecia improvável. Mas essa realidade está a mudar. E Sofia Mendes, Cristina Lopes e Mafalda Soudo Pinheiro são a prova disso mesmo, representando uma nova geração de mulheres que está a redefinir o setor. 

O sucesso delas não é apenas pessoal, é um reflexo da mudança de mentalidade e da quebra de barreiras que, por muito tempo, limitaram a presença feminina neste mercado. E os números falam por si mesmos: em 2024, lideraram o Top 3 em volume de negócios da rede Querido Mudei a Casa Obras. Juntas, ultrapassam os dois milhões de euros em faturação, desafiando paradigmas e provando que talento, determinação e visão são a alma do negócio.

Mas o que levou estas três mulheres a entrar num setor marcadamente masculino? Foi uma escolha natural ou um caminho inesperado? Como lidaram com os desafios de gerir equipas e conquistar a confiança de clientes e fornecedores? E, acima de tudo, como veem o futuro das mulheres na construção e remodelações? Com histórias diferentes, mas um objetivo comum, contam ao idealista/news como transformaram obstáculos em oportunidades e conquistaram um lugar de destaque num mercado que, cada vez mais, reconhece o valor da diversidade e da competência.

Neste artigo, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, exploramos as histórias destas três empresárias que, com percursos distintos, encontraram na construção e remodelação a sua vocação e o seu espaço. Cada uma delas enfrentou desafios próprios, desde o preconceito inicial até a conquista do respeito no setor, mas todas têm em comum a resiliência e a paixão por transformar espaços e melhorar a vida das pessoas. Afinal, constroem sonhos.

Sofia Mendes: da arte para a engenharia 

Sofia Mendes não planeava fazer carreira no setor das remodelações. Com uma formação artística, o mundo das obras parecia-lhe distante até que circunstâncias da vida a levaram a optar pela Engenharia Civil. 

“Toda a minha formação anterior à académica foi muito artística, onde desenvolvi muitas qualidades como a concentração, o ritmo, a criatividade, e quando acabei o curso de Engenharia Civil juntei outras como a capacidade de gestão, cálculo de riscos e análise diária de tarefas. A união delas todas faz o necessário para conseguir viver feliz na área da remodelação”, explica. 

No início, teve de se impor num meio onde a presença feminina ainda era olhada com desconfiança. Mas soube conquistar o seu espaço, combinando a criatividade herdada da sua formação inicial com a capacidade analítica da engenharia. 

Sofia Mendes
Fotografia: cortesia MELOM

“Já conto com dezenas de anos a trabalhar com homens e a liderar homens. Hoje já é mais fácil, mas ao início era muito duro, desgastante e emocionalmente abalador. Somos ainda vistas como o “sexo fraco” e num meio onde a cultura e a educação social passam ainda pelo poder do homem, temos de nos reinventar para conseguir chegar ao objetivo”, conta ainda, acrescentando que, pontualmente, ainda ouve frases como “mas é a menina que vem fazer a obra”, “pensei que vinha um homem fazer a visita” ou “a menina percebe disto?”.

Atualmente, Sofia não só gere equipas e projetos como ultrapassou a marca do milhão de euros, um objetivo que parecia distante no início da sua jornada. Para ela, a chave do sucesso está no equilíbrio entre técnica, gestão e um forte sentido de propósito.

“Enquanto engenheira civil, gerente de uma empresa, eu diria que valorizarmo-nos e acreditarmos que somos capazes é a chave do nosso sucesso pessoal. Este selo transporta os valores que defendemos e que nos fazem ser diferenciadoras no mercado: desenvolver boas práticas no serviço prestado; ser humilde, sendo capaz de crescer e a aprender todos os dias, e munir-nos de novas ferramentas e conhecimentos para continuarmos a nossa jornada; sermos profissionais capacitadas e honestas, pois o nosso cliente precisa de quem lhe construa sonhos e não de quem lhe apresente dificuldades”, remata a responsável.

Cristina Lopes: da decoração à construção 

A história de Cristina Lopes é um exemplo de como a evolução profissional pode ser surpreendente. Com uma carreira consolidada na decoração de interiores, a transição para o setor das remodelações foi um passo natural, mas também um desafio. Nunca imaginou estar no topo do ranking de faturação da rede, mas a determinação e a qualidade do trabalho realizado trouxeram-lhe reconhecimento e sucesso.

“Entrar neste setor foi algo inesperado, mas assim que nos deram a conhecer o conceito da rede e todos os processos envolvidos já não conseguimos deixar de pensar nele. Eu já estava a trabalhar em decoração de interiores há vários anos. Adicionar o setor das remodelações foi uma mais valia para crescer e aprender ainda mais na minha área profissional”, explica.

Cristina acredita que, apesar de a construção ser historicamente um setor masculino, as mulheres têm cada vez mais espaço e respeito. A relação com as equipas de obra, que no início poderia ser um obstáculo, transformou-se numa parceria baseada na confiança e na competência. Hoje, os colaboradores da sua empresa sentem orgulho em trabalhar sob a liderança feminina, e os clientes reconhecem o valor do seu olhar atento aos detalhes.

Cristina Lopes
Fotografia: cortesia MELOM

Sinceramente não acredito que seja mais complicado para uma mulher triunfar nesta área do que para um homem. Contudo sinto que a maior dificuldade no início poderá ter sido a relação com a mão de obra habituada a ser gerida por homens. Atualmente os nossos colaboradores sentem orgulho em trabalhar para uma mulher, sendo também mais cuidadosos na forma como lidam comigo e com as colegas de trabalho”, refere. 

A quem desejar fazer carreira no setor, deixa um conselho: “não desistam”. “Com trabalho, muito esforço e dedicação é possível alcançar grandes conquistas, independentemente de ser um setor tradicionalmente associado ao género masculino. A verdade é que todas as mulheres que já trabalham nesta área abrem cada vez mais o caminho para que mais e mais mulheres se juntem a nós”, salienta. 

Mafalda Soudo Pinheiro: um novo caminho na arquitetura e reabilitação

A pandemia e a maternidade foram os catalisadores para Mafalda Soudo Pinheiro mudar de vida. Depois de anos a trabalhar no setor do retalho, decidiu regressar à sua formação de base: a arquitetura. Entrou no mercado das remodelações e, rapidamente, percebeu que podia mais e melhor se criasse o seu próprio negócio. Hoje, lidera uma empresa bem-sucedida, onde a atenção ao detalhe e a gestão eficiente são os seus grandes trunfos.

“A bagagem profissional foi e é de extrema importância. O conhecimento técnico e o trabalho desenvolvido numa das melhores empresas de construção em Portugal permite um melhor acompanhamento de cada obra. Mas todo o meu percurso profissional permite uma melhor gestão do meu negócio. Portanto, acho que o nosso segredo é a fusão de todos os conhecimentos”, começa por dizer. 

Ao longo da sua trajetória, Mafalda deparou-se com preconceitos, mas soube superá-los com conhecimento e segurança. Ainda há clientes que estranham ver uma mulher à frente de uma obra, mas a competência fala mais alto. Para ela, o futuro da construção passa cada vez mais pela presença feminina, trazendo um olhar diferenciado e cuidadoso aos projetos.

Mafalda Soudo Pinheiro
Fotografia: cortesia MELOM

“Não se deixem influenciar por qualquer comentário menos feliz. O preconceito existe e vai sempre existir, no entanto já há muitos clientes que preferem uma empresa de obras dirigida por mulheres. Acreditem em vocês próprias, nas vossas potencialidades e capacidades”, aconselha, frisando que esse mesmo preconceito “é facilmente ultrapassado quando transmitimos segurança e conhecimento ao cliente”.

Olhando para o futuro, Sofia, Cristina e Mafalda acreditam que a tendência de crescimento da participação feminina na construção é irreversível. A prova está nos números e na crescente valorização do trabalho que desempenham. O recado que deixam a outras mulheres é claro: acreditem em si, trabalhem com dedicação e não tenham medo de desafiar os estereótipos. 

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