A tensão geopolítica vivida durante o ano de 2024 levou a um abrandamento no setor da construção. No entanto, fatores como o aumento da urbanização, envelhecimento da população, digitalização e descarbonização deverão impulsionar fortes investimentos nas áreas dos transportes, energia, telecomunicações e ativos digitais, apoiados pela adoção de Building Information Modelling (BIM) e soluções de gestão baseadas em Inteligência Artificial (IA), o que deverá levar a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 5,5% na construção até 2030.
Esta é uma das principais conclusões do relatório Global Powers of Construction 2024 (GPoC) da Deloitte, que analisa e acompanha o setor da construção a nível global e classifica as principais construtoras cotadas na bolsa.
De acordo com Miguel Fontes, Partner da Deloitte, a “incerteza geopolítica tem conduzido a uma desaceleração económica generalizada, com impacto significativo no setor da construção, ainda que, mais do que nunca, haja uma necessidade premente por novas construções, quando é esperado que, cada vez mais, as populações se concentrem nas grandes cidades, colocando uma pressão acrescida em infraestruturas e zonas residenciais”.
O responsável acrescenta, em comunicado, que “por reconhecer que é imperativo avançar, o setor a nível mundial mostra-se bastante resiliente no médio-longo prazo e com perspetivas sustentadas de crescimento até 2030, o que indicia oportunidades de investimento”.
Contudo, as perspetivas a curto prazo continuam incertas. No ano passado, a produção global do setor registou um crescimento abaixo de 2023, crescendo apenas 3,1%, e deverá mesmo desacelerar para 2,3% este ano por motivos de tensões comerciais e pelos riscos de recessão.
O Global Powers of Construction 2024 revela também que as 100 maiores empresas globais da construção geraram, no ano passado, vendas de 1,978 biliões de dólares, sendo que 51,2% desse total da receita tem origem em empresas chinesas. Seguem-se as empresas da Europa (22%), Japão (9,1%), EUA (8,8%) e Coreia do Sul (4,7%).
A construtora nacional Mota-Engil é a única empresa portuguesa no Top 100, subindo da 71ª para a 52ª posição. No ano passado, a construtora atingiu um volume total de vendas de 6.439 milhões de dólares e uma capitalização bolsista de 925 milhões de dólares.
Mas a receita total obtida por estas 100 empresas do ranking teve uma quebra de 1% em comparação com o ano anterior. Houve também uma diminuição de 5% nas receitas em dólares americanos obtidas pelas empresas chinesas, embora se tenha registado um aumento em outras áreas geográficas relevantes.
As empresas europeias são as que têm maior representação, com um total de 42 construtoras no ranking, cujas vendas agregadas cresceram 6,2%, totalizando 435,9 mil milhões de dólares, ainda que a sua capitalização de mercado tenha recuado 4,9%, penalizada sobretudo por três grupos franceses (VINCI, Bouygues e Eiffage). Por sua vez, os sete grupos espanhóis registaram um aumento nas vendas de 11,9%, muito graças às construtoras ACS e Acciona.
A Europa continua também líder no que respeita a internacionalização, uma vez que 66% das suas receitas provêm de mercados externos, uma subida de 3% comparativamente com 2023. A VINCI segue firme na liderança pelo terceiro ano consecutivo, tendo arrecadado 44,8 mil milhões de dólares, o que corresponde 57,8% do seu volume de negócios.
Desafios estruturais globais e principais perspetivas
Apesar do aumento de 18,4% para 21,3%, de 2023 para 2024, das receitas das 30 maiores empresas com vendas internacionais, tendo sido esta a maior proporção dos últimos cinco anos, a verdade é que o setor da construção enfrenta alguns desafios estruturais como a escassez de mão de obra, a volatilidade nos preços das matérias-primas, os constrangimentos nas cadeias de abastecimento e a pressão para adotar práticas mais sustentáveis.
No que respeita ao plano acionista, a capitalização bolsista conjunta das 100 maiores empresas do setor teve um crescimento de 13,3%, subindo de 703,2 mil milhões para 796,5 mil milhões de dólares. Como principais motores desta valorização destacam-se os EUA e a Índia, com aumentos de 60,3 mil milhões e 25 mil milhões de dólares, respetivamente.
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