Acciona aposta em Portugal e "herda" 2 projetos residenciais em Lisboa

A espanhola Acciona chegou a acordo com o empresário Carlos Cercadillo – também espanhol – para a compra dos ativos imobiliários que este detinha em Portugal através da sua empresa, a CleverRed, em conjunto com a própria Acciona. Uma parceria que chega agora ao fim, pelo que os projetos residenciais em causa, o Alcântara Rio 2 e o Alfredo Bensaúde, ficam agora apenas nas mãos da gigante do imobiliário espanhol. 

A notícia foi avançada pelo jornal espanhol El Confidencial e confirmada ao idealista/news pelo próprio Carlos Cercadillo. O empresário revela, no entanto, que continua a deter em Portugal as empresas CleverRed, Clever Real e Xpandia Projects, focada na promoção e no investimento no setor hoteleiro. 

Sobre o valor do negócio, ou seja, o montante pago pela Acciona pela sua parte nos referidos empreendimentos, o empresário espanhol – investe em imobiliário em Portugal desde 2003 e criou, em 2006, a Cerquia – prefere não revelar valores, mas segundo o diário espanhol os dois ativos em causa somam um volume de negócios de cerca de 400 milhões de euros. 

O idealista/news pediu também uma reação à Acciona sobre este negócio, mas à hora de publicação deste artigo ainda não a tinha sido possível obter.

Que projetos residenciais ficam agora nas mãos da Acciona?

A CleverRed foi fundada por Carlos Cercadillo em 2018, tendo inicialmente quatro projetos imobiliários no país. Acontece que um já não está na sua carteira, o Graça (antiga fábrica de chocolates Favorita), e outro está totalmente vendido e ocupado, o Priority 1907. São, então, os outros dois empreendimentos em Lisboa, o Alcântara Rio 2 e o Alfredo Bensaúde, que passam agora a ser detidos na totalidade pela Acciona. 

O Alfredo Bensaúde, localizado nos Olivais, prevê a construção de cerca de 490 apartamentos. Já o Alcântara Rio 2, um projeto que era da Obriverca e que é, no fundo, a segunda fase do condomínio Alcântara Rio, contempla a construção de mais de 70 apartamentos. Os projetos foram anunciados há alguns anos, mas continuam sem sair do papel, sabe o idealista/news. 

“Portugal está a perder o comboio” 

Recentemente, em entrevista, o empresário espanhol partilhou um pouco sobre a sua experiência de investir em imobiliário em Portugal. Uma ligação que é antiga, tendo começado há 20 anos. Agora, com o país mergulhado numa crise habitacional, Carlos Cercadillo colocou o dedo em algumas feridas, como por exemplo a elevada carga fiscal praticada no país na construção nova e a incerteza gerada com os processos de licenciamento. “O que está a acontecer é que há um bloqueio no urbanismo”, denunciou, avisando que “os investidores imobiliários já estão a questionar os investimentos em Portugal”.

Nesse sentido, alertou, alguns investidores imobiliários começam a sair de cena: “Aguentam três, quatro anos, não mais, e vão-se embora. Por isso digo que Portugal está a perder o comboio de posicionar-se na Europa”.