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coworklisboa: dois anos de criatividade numa antiga fábrica da capital (fotos)

dois anos depois, o coworklisboa está bem e recomenda-se. a aventura de fernando mendes e ana dias começou a ganhar vida a 1 de fevereiro de 2010, altura em que passou a existir na capital um local de trabalho partilhado por profissionais independentes. designers, ilustradores, jornalistas, tradutores… aqui, no 4º piso de um dos edifícios da lx factory, em alcântara, há espaço para todos. empreendedorismo é a palavra de ordem e foi sobre este mote que numa antiga fábrica de tecidos nasceu um espaço de trabalho inovador. além de não trabalharem em casa – um problema para muitas pessoas -, os “coworkers” fazem novos conhecimentos e contactos e, nos intervalos, há até quem substitua o café por um jogo de pingue-pongue

internet de banda larga, café gratuito, um espaço lounge com sofás, uma sala de reuniões – a fazer lembrar um “bunker”, mas com estilo -, microondas, frigorifico, balcão e uma vista única para o rio tejo, são estas as condições que fazem deste lugar um espaço de trabalho com um ambiente singular. “o balanço destes dois anos é a roçar o fantástico. nunca me passou pela cabeça que a coisa pudesse correr tão bem. se me dissessem que ia ser como é hoje diria que não era possível”, começa por dizer fernando mendes ao idealista news

a conversa com o responsável pelo coworklisboa decorre no balcão do espaço. atrás, nos sofás, folheiam-se jornais e tecla-se num portátil. pelo meio ouve-se a máquina de café. mas, ao mesmo tempo, a concentração é total. é neste ambiente, descontraído, que fernando mendes fala sobre o futuro do espaço: “sei dizer o que não quero que aconteça. não quero que o coworklisboa se transforme num franchising. não tenho nem quero ter uma estratégia de expansão global”

e se hoje o coworklisboa é, à semelhança de outros locais na lx factory, um espaço inovador e moderno, é preciso lembrar que o mesmo foi totalmente remodelado. “este quarto piso da lx factory era o piso maldito. ninguém o queria ocupar, por ser uma cobertura num edifício que era industrial, logo o mais complicado do ponto vista térmico, do ponto de vista da acústica e até da acessibilidade. chega-se cá de escadas ou de elevador, que é um monta cargas de fim do século xix, início do século xx, não foi pensado para subir 100 vezes”, revela fernando mendes, lembrando que as “limitações foram quase todas ultrapassadas pela vontade de fazer e perceber que este era o único piso que permitia instalar uma coisa de raiz”

fernando mendes e ana dias avançaram com o projecto e começaram a fazer as obras de reabilitação dia 1 de janeiro de 2010. um mês depois, o coworklisboa começava a funcionar. “houve muita colaboração por parte da lx factory, sobretudo pelos responsáveis máximos da mainside [empresa proprietária]. as obras demoraram um mês. todo o revestimento interior já existia, havia alguns problemas com o isolamento da cobertura, porque é industrial, e foi substituída”, recorda

quando questionado sobre as motivações das pessoas em vir trabalhar para o coworklisboa, o responsável não tem dúvidas de que “estar farto de trabalhar em casa” já não é a única explicação. “vamos percebendo que não é só essa a motivação. a grande motivação para as pessoas que vêm é tratarem da sua vida profissional. aumentar o incoming mensal e, antes disso, aumentar a base de clientes. esse é o grande objectivo”, frisa, mostrando-se orgulhoso quando alguém lhe diz que em 24 horas já teve “mais apoios, contactos e projectos do que nos quatro anos” que teve a trabalhar noutro local

com uma taxa de ocupação que nunca foi inferior a 60, 70%, fernando mendes sentiu a necessidade de, recentemente, alargar o espaço. além do cowork, onde cada pessoa tem direito à sua secretária com internet, existe agora um zona de mini-estúdios – também no 4º piso - com capacidade para três a quatro pessoas. “os estúdios surgiram porque começaram a entrar algumas pequenas empresas. mas estou muito surpreendido, porque acontece o mesmo fenómeno de partilha e comunicação que no cowork. há comunidade, partilha e conversa com o colega do lado”

trabalhar ao ritmo do pingue-pongue

nilton rasoilo já passou pelo coworklisboa, mas teve de abandonar o espaço por motivos profissionais. agora, com o seu próprio negócio, regressou: “montou a tenda” no mesmo piso do coworklisboa, mas arrenda – com os sócios – o seu próprio escritório. “trabalhar aqui tem imensas vantagens. destaco, sem dúvida, as sinergias que se criam entre empresas. não há uma lógica de competição, mas sim de colaboração entre empresas que trabalham nas mesmas áreas”, começa por dizer

“comecei a trabalhar no coworklisboa como designer para uma empresa de tecnologias e cedo descobri que a energia e troca de experiência que se faz aqui é fantástica. entretanto, deixei o meu emprego e iniciei com outros colegas um projecto próprio (o site outitude.com). não hesitámos em montar sede aqui”, acrescenta, afirmando que trabalho e lazer podem viver de mãos dadas: “estamos sempre de porta aberta para trocar ideias, beber um copo no bar ou mesmo desafiar os nossos colegas do coworklisboa para uma partida de pingue-pongue

ângelo delgado, jornalista freelance, é um dos “coworkers” que já teve a oportunidade de “bater umas bolas” na improvisada mesa de pingue-pongue – na prática é uma mesa de reuniões, mas que se adapta à modalidade – que existe no escritório da empresa de nilton rasoilo. “o que mais gosto no coworklisboa, e também na lx factory é a sua informalidade, ambiente criativo e entreajuda”, conta, sublinhando que teve conhecimento do espaço através de um “open day”, festa “que se realiza duas vezes por ano na lx factory”

para ângelo delgado não há dúvidas, é preferível trabalhar num ambiente deste género do que “estar em casa sozinho". “o facto de a maioria das pessoas que aqui estão também serem freelancers faz com que haja um ambiente de total cooperação. o “network” é um conceito que encaixa na perfeição neste espaço. já consegui alguns trabalhos que resultaram dessa interligação entre as pessoas”, revela

ian, um escocês no coworklisboa

ian george murray simm, escocês, é um excelente exemplo da interacção que existe no coworklisboa. chegou em outubro de 2011, após recomendação de um amigo português, e veio para ficar. “a minha primeira impressão foi que era um local tranquilo e sem qualquer pressão, onde é fácil trabalhar. desde então, passou a ser muito mais que isso. deu-me uma vida social em lisboa”, diz, lembrando que joga futebol “todas as semanas com outros ‘coworkers’”. “ajudou-me a fazer bons amigos e deu-me a oportunidade de conhecer pessoas”, conta o editor de várias publicações ligadas à indústria petrolífera para a newsbase, sedeada em edimburgo, escócia

um dos amigos a que ian se refere é a antónio silva, que está sentado à sua frente. “a minha recente vida profissional pode dividir-se em duas épocas: acwl e dcwl, ou seja, antes do coworklisboa e depois do coworklisboa”, começa por dizer o programador, salientando que aderiu ao conceito “depois de muitas horas passadas no escritório” de casa. “a chegada dos filhos e a inevitável invasão do escritório por ‘nodys’ e afins veio acelerar a decisão inevitável de encontrar um espaço apropriado para trabalhar. este é excelente. as pessoas são fantásticas e de grande generosidade. há um ambiente muito saudável de partilha de experiências e ideias, sem quaisquer barreiras”

curiosidades sobre o coworklisboa

- tem 650 m2 de área. o espaço dos micro-estúdios têm 266 m2

- trabalham no espaço cerca de 100 pessoas

- existem três tipos de mesa fixas no coworklisboa, que têm custos diferentes: 147,60 euros, 178,35 euros e 209,10 euros. é possível alugar uma mesa flexível ao dia (10 euros), semana (39 euros) e mês (99 euros)

- há 17 micro-estúdios que têm duas tipologias (uma para um máximo de quatro pessoas e outra para três)

- o coworklisboa encontra-se no quarto e último piso do edifício 1 da lx factory, que está localizada na rua rodrigues faria, em alcântara

- o estacionamento é gratuito

- são vários os restaurantes, lojas e empresas que estão inseridos na lx factory. entre eles estão os restaurantes cantina lx, mesa, taberna, malaca too e café da fábrica, a livraria ler devagar, a loja de decoração kare design e o bar/discoteca vila louize

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