Operação de fusão entre a Lena SGPS e a Lena Engenharia Construção na Always Special deu-se no final de 2020.
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Grupo Lena foi extinto e dívidas das construtoras passam para a esfera da Always Special
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O Grupo Lena foi extinto com a fusão das construtoras Lena SGPS e Lena Engenharia Construção na também construtora Always Special. Construtoras essas da família Barroca Rodrigues que surgiram há dois anos na lista dos grandes devedores da Caixa Geral de Depósitos (CGD), com dívidas na ordem dos 90 milhões de euros, segundo a auditoria da EY. Na sequência desta fusão, a Always Special passa a ser responsável pelos ativos e passivos das duas sociedades.

Segundo o ECO, a operação de fusão entre a Lena SGPS e a Lena Engenharia Construção na Always Special deu-se no final de 2020, no culminar de um processo de reorganização interna que o grupo ligado à construção civil empreendeu nos últimos anos. Com esta fusão, o grupo pretende “potenciar a nova organização” ao simplificar as estruturas e ao evitar duplicações, “nomeadamente ao nível dos conselhos de administração, das sedes, da contabilidade, da revisão oficial de contas, entre outras”. 

A publicação escreve ainda que o projeto de fusão, aprovado pelas administrações das três sociedades envolvidas e que contam com nomes como os de António Barroca Rodrigues, Joaquim Barroca Rodrigues e Joaquim Paulo da Conceição, aponta para uma redução de custos e uma rentabilização e concentração de recursos “na promoção de uma única imagem”.

Os ativos e passivos da Lena SGPS e da Lena Engenharia Construção passam agora para a esfera da Always Special, que se tornou responsável por “todas as dívidas constituídas e garantias prestadas” pelas duas sociedades, que se mantêm “plenamente válidas e eficazes com a fusão”, refere o projeto de fusão.

De acordo com o ECO, a Always Special chegou a setembro de 2020 com capitais próprios negativos em 71,7 milhões de euros, com a dívida à banca a ascender a 57 milhões de euros, segundo o balanço individual aprovado em assembleia geral realizado em novembro.

Já a situação líquida da Lena SGPS e da Lena Engenharia Construção era positiva, com capitais próprios de 61,8 milhões e 40,6 milhões de euros, respetivamente, em base individual. As dívidas bancárias das duas empresas ascendiam, no seu conjunto, a 44,3 milhões de euros.

Com origem na região de Leiria, nos anos 50, o grupo Lena ganhou notoriedade nas últimas décadas, nomeadamente com a expansão internacional durante os governos de José Sócrates e com a investigação judicial da Operação Marquês. Sobre este “caso”, o Grupo Lena é uma das entidades visadas na acusação do Ministério Público (MP), por alegados subornos pagos ao ex-primeiro ministro José Sócrates. A acusação considera que Sócrates terá permitido a obtenção de “benefícios comerciais” por parte da construtora. A troco desses benefícios, refere o MP, e em representação do Grupo Lena, o arguido Joaquim Barroca terá aceitado efetuar pagamentos, em primeiro lugar para a esfera de Carlos Santos Silva (ex-administrador do Grupo Lena e amigo pessoal de Sócrates), mas que seriam destinados ao antigo primeiro-ministro.

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