Empresas situadas em vários pontos do mundo incluem paraísos fiscais.
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Vieira controlava terrenos no Brasil
Photo by Martha Dominguez de Gouveia on Unsplash

Há novidades no âmbito do processo "Cartão Vermelho". Foi detetada uma rede complexa de empresas, através da qual Luís Filipe Vieira controlava terrenos no Brasil. Neste esquema encontram-se empresas com sedes em vários pontos do mundo, inclusive em paraísos fiscais.

Ao que tudo indica, Luís Filipe Vieira, que renunciou à presidência do Benfica e da SAD na sexta-feira (dia 16 de julho de 2021), controlava terrenos no Brasil que estavam com problemas de licenciamento. Ali estava previsto construir cemitérios, estando os direitos de construção na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, “com sócios locais e com quem nunca existiu alinhamento nem entendimento”, lê-se numa carta que o Novo Banco entregou à Comissão Parlamentar, citada pelo Jornal de Negócios.

Mas por detrás deste negócio está uma rede complexa de empresas localizadas em vários países: nos EUA (em concreto no estado de Delaware, que é um paraíso fiscal), no Brasil e no Uruguai, refere outra carta que o Novo Banco enviou ao Fundo de Resolução em 2019 sobre a venda da Imosteps à Iberis, de José António dos Santos (conhecido como Rei dos Frangos), que foi chumbada.

Foi em 2012 que Luís Filipe Vieira assumiu a Imosteps, a pedido do ex-presidente do BES Ricardo Salgado, ficando responsável por uma dívida de 54 milhões de euros. Estes terrenos também haviam ficado a cargo do ex-presidente do Benfica a pedido de Ricardo Salgado, segundo escreve o mesmo jornal.

Mas em 2014 o BES caiu e surge o Novo Banco com nova gestão. E Luís Filipe Vieira admitiu, no Parlamento, que foi um erro seu ter ficado com esses ativos. O crédito malparado de 54 milhões de Vieira foi integrado na carteira Nata II, adquirida em 2020 pelo fundo internacional Davidson Kempner. E, apenas três meses depois, José António dos Santos consegue comprar a Imosteps por oito milhões de euros, através de um fundo gerido pela Iberis Semper.

Mais tarde, em dezembro, Vieira vendeu as ações que detinha na Imosteps ao fundo da Iberis Semper por apenas um euro. E, desta forma, José António do Santos passou a ser titular da totalidade do ativo e passivo da Imosteps e Vieira libertou-se da dívida.

O juiz de instrução criminal Carlos Alexandre diz mesmo que Luís Filipe Vieira e o seu filho Tiago Vieira “acordaram entre si um esquema ardiloso” que lhes permitisse adquirir os créditos do Novo Banco sobre a Imosteps “por um baixo custo”. Pretendiam, segundo a decisão, reaver os ativos para a sua esfera pessoal e libertarem-se das garantias pessoais dadas ao Novo Banco, refere a mesma publicação.

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