
Há um hotel inacabado em Vila Real que mancha a paisagem da cidade há quatro décadas – o Hotel do Parque. Este edifício mudou de mãos em 2018 na sequência de um leilão, mas está no centro do desfecho de um imbróglio judicial. A Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) considera que a venda dos créditos deste projeto pelo Fundo Lusitânia favoreceu os interesses da sua sociedade gestora e do seu presidente em detrimento dos interesses dos participantes do fundo imobiliário. E, em resultado desta decisão, a CMVM aplicou uma multa à gestora Fund Box no valor de 75 mil euros.
No processo de contraordenação, a CMVM é clara: “A arguida deu prevalência aos seus próprios interesses, bem como aos interesses do presidente do conselho de administração da Fund Box Holdings, em violação do dever de dar prevalência aos interesses dos participantes do fundo”, cita do Jornal de Negócios.
E como é que isto aconteceu? No entender da comissão, a gestora recusou uma proposta de cessão dos créditos detidos pelo fundo no valor de 400 mil euros e, depois, acabou por cedê-los por um valor bem menor – 250 mil euros. Isto sugere que “a arguida e o presidente do conselho de administração da Fund Box Holdings poderiam vir a receber um valor suplementar em função da verificação de condições acordadas com o cessionário”, dizem ainda.

Já Rui Alpalhão, o presidente do conselho de administração da Fund Box na altura, desmente que a gestora ou o próprio tenham beneficiado deste negócio. E explica que a oferta inicial de 400 mil euros acabou por ser rejeitada porque houve uma alteração das condições contratuais, que poderiam levar até a que a venda destes créditos fosse selada por um euro. Numa altura em que os prazos impostos pela CMVM para a liquidação dos créditos eram curtos, a “melhor proposta” apresentada foi a de 250 mil euros, garante. E, note-se, na altura não houve tempo para concluir a venda judicial do hotel em Vila Real, operação que iria gerar capital para saldar a dívida.
Foi julho de 2018 que o Hotel do Parque, situado na Avenida 1º de Maio da cidade, acabou por ser leiloado por mais de 2 milhões de euros. O novo proprietário é um empresário de Bragança que prevê convertê-lo, agora, num edifício habitacional.
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