
Os fundos de investimento imobiliário continuam a ser um refúgio à incerteza do mercado e uma boa forma de rentabilizar poupanças. E prova disso é que, em Portugal, o montante investido nestes fundos cresceu 0,4% para 10.174,2 milhões de euros em agosto de 2023. Acontece que estes fundos, que gerem sobretudo imóveis comerciais, não estão imunes às decisões do Governo quanto à atualização das rendas. O maior de todos, o CA Património Crescente, terá perdido quase 24 milhões de euros com o travão às rendas de 2% em 2023.
O CA Património Crescente gerido pela Square AM é conhecido por ser o maior fundo de investimento imobiliário em Portugal, com 1,1 mil milhões de euros sob gestão e uma rentabilidade média anual de 4,12% que é gerada através do arrendamento de imóveis comerciais.
A questão é que a rentabilidade destes imóveis comerciais tem sido afetada pelas decisões ao Governo relativas à atualização das rendas. No início do ano, foi colocado um travão à subida das rendas de 2 % - caso contrário as rendas iriam subir 5,43% - o que reduziu as rendas cobradas em 150 edifícios do CA Património Crescente de 74,2 milhões de euros para 71,4 milhões de euros (-2,8 milhões de euros), escreve o ECO.
Além disso, este impacto na rentabilidade também traz consequências ao nível da valorização dos imóveis (em vez de valorizar 40 milhões, valorizaram apenas 20 milhões de euros). Contas feitas, só o fundo CA Património Crescente teve perdas de 23,8 milhões de euros com os limites impostos à subida das rendas em 2023. Por isso mesmo, Pedro Coelho, CEO da Square AM, apela a que o travão seja aplicado apenas à habitação, cita a mesma publicação.
Fundos de investimento imobiliário a crescer em Portugal
Embora a rentabilidade dos imóveis comerciais e residenciais esteja condicionada pelas decisões do Governo – que vai reunir com associações e proprietários para analisar os temas relacionados com a atualização das rendas em 2024 –, os fundos imobiliários continuam a dar cartas em Portugal.
“Em agosto de 2023, o valor sob gestão dos fundos de investimento imobiliário (FII), dos fundos especiais de investimento imobiliário (FEII) e dos fundos de gestão de património imobiliário (FUNGEPI) atingiu 12.551,2 milhões de euros, mais 32,0 milhões (0,3%) do que em julho”, lê-se na nota publicada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta segunda-feira (dia 18 de setembro)
Em concreto, o montante investido nos fundos de investimento imobiliário cresceu 0,4% para 10.174,2 milhões de euros. Nos FEII, o valor caiu 0,3% para 2.102,4 milhões de euros e nos FUNGEPI cresceu 0,2% para 274,6 milhões de euros.
Neste período, os países da União Europeia foram o destino da totalidade do investimento feito em ativos imobiliários, tendo 47,6% da carteira dos FII e FEII abertos sido aplicados em imóveis do setor dos serviços. Também os investimentos realizados pelos FUNGEPI se destinaram, sobretudo, ao setor dos serviços (52,5%).
Sem surpresa, as gestoras Square AM (12,8%), Interfundos (7,9%) e a Lynx Asset Managers (7,6%) detinham as quotas de mercado mais elevadas.
De notar ainda que em agosto foi constituída a sociedade de investimento imobiliário fechada “ENCOSTA DA PAREDE - SIC IMOBILIÁRIA FECHADA, SA” gerida pela Norfin.
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