Depois de um longo período de compras no imobiliário alimentadas por taxas de juro baratas, os proprietários e credores estão a enfrentar mudanças na forma de trabalhar e de viver no pós-pandemia, que têm vindo a deixar edifícios vazios ou arrendados por baixo preço. Ao mesmo tempo, as taxas de juros mais altas estão a tornar mais caro comprar ou refinanciar edifícios. É neste contexto que muitos proprietários de imóveis comerciais estão a optar por entrar em incumprimento ao invés de pedir mais empréstimos para pagar as dívidas. Esta é uma realidade visível em grandes cidades como Nova Iorque e Londres.
Os grandes proprietários institucionais não estão a conseguir rentabilizar os seus imóveis comerciais, nomeadamente escritórios. Os prédios estão vazios e as rendas têm vindo a cair. Foi por isso que proprietários, como a Blackstone, Brookfield e Pimco, já optaram por não pagar os empréstimos de alguns edifícios, escreve a Bloomberg.
“As pessoas não desistem dos ativos tão facilmente, a menos que simplesmente não vejam nenhuma esperança e reconheçam que estão debaixo de água”, analisa Harold Bordwin, diretor em Nova York da Keen-Summit Capital Partners LLC, especializada em renegociar imóveis em dificuldades. “Há um stress significativo" no mercado imobiliário, reconhece.
Esta é uma realidade visível nas maiores cidades do mundo. Em Nova Iorque e em Londres, proprietários de torres de escritórios estão a preferir livrar-se das suas dívidas, ao invés de pedir mais empréstimos para as pagar. Os proprietários do maior shopping do centro de São Francisco abandonaram-no. Um novo arranha-céus de Hong Kong está arrendado por apenas um quarto, conta a mesma publicação.
Estes problemas vez visíveis no imobiliário comercial vão aumentar ainda mais o stress que já se sente no sistema financeiro, que ainda se está a recuperar do colapso do Silicon Valley e do Signature Bank. Até porque, note-se, foram muitos os proprietários que aproveitaram a época do dinheiro barato para fazer compras, o que significa que estamos perante um “buraco negro” de dívida imobiliária que poderá não ser paga. A questão é se a correção dos imóveis comerciais será grande o suficiente para desestabilizar a economia em geral.
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