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casa arrendada: viver num t3 em coimbra (fotos)

na rubricacasa arrendada”, que iniciámos em novembro, mês em que entrou em vigor a nova lei do arrendamento, contamos-te histórias de pessoas que optaram por ser inquilinos em vez de proprietários. a crise fechou a torneira do crédito à habitação, tornando quase impossível a compra de casa, o que está a levar cada vez mais gente a procurar soluções no mercado de arrendamento

catarina dias, de 33 anos, é veterinária e vive em coimbra numa casa arrendada (um t3) pela qual paga 500 euros por mês, um montante que considera acessível porque, explica, vive com mais dois amigos

pergunta: há quanto tempo vives nesta casa?
resposta: há seis meses

p: já tinhas vivido numa casa arrendada? 
r: sim, também em coimbra, mas numa outra zona da cidade. vivi nessa casa durante três anos

p: o que te levou a escolher a casa onde vives actualmente?
r: sobretudo o facto de poder dividir as despesas e de estar com amigos

p: como a conseguiste encontrar?
r: foi através de amigos. o quarto ficou livre e eles contactaram-me para saber se estava interessada

p: o processo de procura foi longo? tratou-se de uma decisão difícil?
r: na verdade eles convidaram-me duas vezes, mas só aceitei à segunda. o que acabou por ser mais difícil foi a decisão, porque na casa anterior tinha o meu próprio espaço e agora estou dividir a casa com mais pessoas

p: achas que a oferta de casas para arrendar existente no mercado corresponde à procura, que é cada vez maior? porquê?
r: penso que não. os imóveis que estão disponíveis no mercado são demasiado caros, e depois as pessoas não têm condições para viver sozinhas 

p: quanto pagas de renda? parece-te um valor aceitável, tendo em conta o custo de vida da cidade e do país? 
r: actualmente pago 500 euros, mas tenho a noção que apenas é este valor porque a casa é dividida por três pessoas. não consigo entender como é possível uma pessoa com o ordenado mínimo conseguir sustentar uma casa e a família. é que a média das rendas das casas ronda o ordenado mínimo…

p: que opinião tens sobre o mercado de arrendamento em portugal?
r: apesar de não ser um assunto que domino, acho que os portugueses deviam optar mais pelo mercado de arrendamento. Mas também acho que devia haver mais e melhores condições para arrendar casa condignamente

p: consideras que o futuro passa, cada vez mais, por optar por viver em casas arrendadas? porquê?
r: sem dúvida, porque comprar casa é colocar uma “corda ao pescoço”, é colocarmo-nos nas mãos dos bancos por uma casa que só será verdadeiramente nossa quando morrermos (ou lá perto). ou seja, estamos a pagar uma renda [uma prestação, neste caso], mas a um banco… com a desvantagem de ter de ser sempre aquela casa, de ficarmos presos, de não termos liberdade para mudar de cidade ou de país (para viver ou trabalhar) sem nos livrarmos desse grande encargo. e numa situação de crise como esta, é bem visível essa ganância desenfreada dos bancos, que despejam as pessoas, que ficam sem casa mas com divida, o que não acontece no arrendamento

p: acreditas que o mercado de arrendamento vai sofrer grandes alterações com a entrada em vigor da nova lei do arrendamento, o que aconteceu a 12 de novembro? porquê?
r: não sei se vai sofrer grandes alterações, mas vai deixar muitas pessoas que estão a passar por dificuldades muito mais expostas e fragilizadas. parece-me que o que vier a acontecer terá sempre a ver, em ultima análise, com as atitudes de cada senhorio: se é uma pessoa boa/má, justa/injusta. Mas agora há uma lei a protegê-los. penso que esta nova lei tem o seu interesse totalmente virado para o capital, mais uma vez (não consigo ver muito bem o interesse por detrás de tudo isto, mas cedo nos mostrarão qual é) não pensando na situação de cada pessoa e muito menos em legislar para construir um bom sistema de habitação que tão necessário será

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