
Um barco com 17.000 casas em cima? À primeira vista pode parecer uma loucura, mas para Roger Gooch é um plano muito sério. O projeto “Freedom ship international” tenta já há vários anos encontrar investidores que financiem a sua cidade flutuante mas as dúvidas quanto à sua viabilidade não têm facilitado o processo.
Basta pensar num estaleiro preparado para construir um barco de mais de 1.300 metros de comprimento e com três milhões de toneladas para deixar qualquer interessado de pé atrás.
Os projetos que se conhecem até agora, de facto, mostram um “monstro” de cerca de 230 metros de largura e 107 metros de altura. “O Freedom ship será quatro vezes maior que o Queen Mary”, lê-se na página web da empresa.
Para atrair investimento, os donos do projeto planearam para este barco gigante um centro comercial “tax free” (livre de impostos) e meio milhão de m2 destinados a negócios e empresas. Mas o número que mais pode surpreender é a sua capacidade: a cidade flutuante teria capacidade para albergar entre 50.00 e 100.000 pessoas num espaço onde se existiriam 17.000 casas cujo preço ainda está no segredo dos deuses.

“O conceito remonta a 1990 e é da autoria do engenheiro Norman Nixon (falecido em 2013). Trabalhámos com Norman durante anos, mas não foi possível chegar a bom porto pela ausência de capital”, explicou o vice-presidente da empresa, Roger Gooch, numa entrevista. O responsável avaliou em mil milhões de dólares a quantidade necessária para conseguir passar do papel à realidade todo o projeto.
Com esse dinheiro “começaríamos com o projeto inicial e as obras de engenharia para as principais fases de construção, que poderíam tardar entre três a cinco anos”. Mas construir tudo, mesmo tudo, já é outra história e, segundo as estimativas, o orçamento total ascenderia a 10 ou 11 mil milhões de dólares.
Uma casa em cada porto
Este projeto, com base em Miami (EUA), é anunciado como “um lugar ideal para viver ou instalar uma empresa, uma comunidade acolhedora, segura e protegida, com amplos espaços abertos de entretenimento e instalações recreativas”. O “Freedom ship” teria ainda o seu próprio aeroporto com capacidade para jatos privados e aviões de pequena dimensão.

Mas uma das questões que mais levanta dúvidas é a velocidade que podería alcançar esta massa flutuante. A primeira ideia seria instalar uma centena de motores elétricos (azipods) com uma velocidade máxima bastante reduzida, o que não deixa de ser algo um pouco inquietante quando se pensa, por exemplo, em fugir de um Tsunami ou, simplesmente, atravessar uma tempestade no meio do oceano.
Os cálculos indicam que a embarcação passaría cerca de 70% do tempo em alto mar, parada perto de cidades costeiras - mudando de país aproximadamente uma vez por semana - e cerca de 30% do tempo em movimento.
Um exemplo real
Mas se o “Freedom ship” é ainda um castelo no ar, há um projeto já realizado, e em movimento, que é bastante parecido: o “The World”. A embarcação, com a bandeira das Bahamas, tem 165 casas – que podem custar até seis milhões de euros – e uma ocupação média de 200 pessoas. O “The World” começou a sua história em 2002 e passa cada ano numa parte diferente do mundo. Em 2014 fará um “tour” asiático e em 2015 visitará África e a Europa.

A grande diferença entre este projeto e o “Freedom ship” é que o “The World” foi mais que viável, mas nem por isso está livre de polémicas. Uma das grandes preocupações em redor deste tipo de projetos é o facto de se transformarem em paraísos fiscais flutuantes que ao circularem em águas internacionais ficam fora de qualquer jurisdição.

Artigo escrito por Gorka Ramos, colaborador do idealista News em Santiago do Chile









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