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E especialistas pedem “cuidado ao Governo” com novas políticas de habitação
Advocatus Summit 2018 Paula Nunes/ECO

O que procuram os investidores imobiliários em Portugal? Estabilidade e rentabilidade. Poderão as alterações legislativas em matéria de habitação, apresentadas pelo Governo, ameaçar o momento positivo que o mercado está a viver? Os especialistas acreditam que sim e pedem “cuidado à classe política.”

Os investidores que vêm para território português “estão preocupados com dois fatores essenciais: estabilidade e rentabilidade”. O advogado Miguel Marques dos Santos, sócio da Vieira de Almeida, não tem dúvidas sobre isso. O especialista participou no segundo painel do Advocatus Summit, um meeting point entre a advocacia de negócios e o setor empresarial - evento organizado pelo ECO/Advocatus -, que teve lugar esta semana no Museu Fundação Oriente, em Lisboa. O imobiliário foi o protagonista do segundo debate do evento.

O especialista nas áreas do Imobiliário, Urbanismo e Turismo, mostrou-se apreensivo quanto ao novo pacote de medidas para a habitação apresentado pelo Governo. “A estabilidade é um aspeto que me preocupa regularmente nos investidores da promoção imobiliária, e sobretudo na reabilitação”, disse, justificando a preocupação com as “mudanças legislativas que se aproximam”.

"Não podemos estragar o que está bem"

“Estamos num momento positivo. A nossa atuação deveria ser a de prolongar esse momento”, realçou Miguel Marques dos Santos. “Estas propostas são aquilo que não se devia fazer quando se pretende a perenidade (...) não podemos estragar uma coisa que está bem", acrescentou. 

Jorge Marrão, real estate sector leader da Deloitte, e participante no debate, realçou a importância de a classe política ter de ter “muito cuidado quando faz mexidas em termos de legislação”. “A única coisa que pensa a nossa classe política é distribuir a riqueza, mas não pensa no impacto que vai ter essa distribuição”, defendeu.

Para o especialista imobiliário da Deloitte, “está-se a criar uma situação que é uma distorção de preço e que, em algum momento, alguém vai ter e pagar”. “Estamos a tornar uma coisa micro num problema nacional”, acrescentou, defendendo a ideia de que o Governo está a ir atrás de um problema “chamado Lisboa.” Jorge Marrão criticou o pacote legislativo do Executivo de António Costa, descartando o cenário de bolha imobiliária no país. “Existe uma bolha apenas em determinadas freguesias de Lisboa”, sublinhou. “De que serve um pacote de medidas dirigido a determinadas freguesias?”, questionou o especialista.

Imóveis do Estado devem servir o mercado

Gonçalo Reino Pires, sócio da SLCM, realçou o facto de ainda existirem "muitos imóveis que podem ser reabilitados e que não estão a ser colocados no mercado”, referindo-se ao património imobiliário do Estado.

“O que se passa é que existem muitas empresas públicas que têm muito imobiliário, que não está afeto à exploração, e que facilmente poderiam ter rentabilidade“, rematou o sócio da SLCM, para quem estas medidas poderiam resolver muitas situações de fragilidade que o mercado enfrenta. 

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