Pagar por uma casa o seu preço justo. Este é o conselho que Pedro Vicente, diretor geral da empresa de capitais chineses Level Constellation (LC), dá às pessoas. “Há dois aspetos a combater, a ganância de quem é proprietário de imóveis para reabilitação, que está desmedida, e a imprudência de alguma mediação imobiliária na definição de preços, que são absurdos”, diz em entrevista ao idealista/news, recusando-se a falar em bolha imobiliária.
Nesse sentido, o responsável deixa um apelo: “Que as pessoas se mantenham conscientes em relação aos preços e que antes de comprarem investiguem, sejam reguladoras do mercado. Todos nós, profissionais do setor ou não, temos de ser reguladores do mercado: recusar comprar quando o preço é absurdo, comprar quando é justo”.
Pedro Vicente considera que o consumidor tem de perceber que o que é caro é mesmo caro, “porque é um produto único e está numa zona única”, algo que acontece em todas as cidades. O problema é que há, muitas vezes, uma generalização, o que faz disparar o valor pedido pelos imóveis.
"Há dois aspetos a combater, a ganância de quem é proprietário de imóveis para reabilitação, que está desmedida, e a imprudência de alguma mediação imobiliária na definição de preços, que são absurdos"
“A subida de preços foi vertiginosa porque começámos a reabilitar em zonas históricas e únicas, como o Príncipe Real, o Chiado e a Baixa, e os preços naturalmente subiram. Mas neste momento essa subida suavizou muito e está a tender para estabilizar, o que é muito importante para controlar esta situação. O problema é que o que se passou nessas zonas estendeu-se às áreas limítrofes e as pessoas hoje em Benfica acham que têm de ter preços da Baixa Pombalina”, analisa.
O diretor geral da LC para Portugal faz, nesse sentido, um apelo: “É preciso convidar toda a gente a ter bom senso, equilíbrio e a manter e preservar um crescimento sustentado exemplar de Portugal”.
“Programa de vistos gold foi descredibilizado”
Quando questionado sobre a atribuição de vistos gold, que tem caído nos últimos tempos, Pedro Vicente responde de forma clara: “Esmoreceu muito, não só pelo escândalo que houve mas também com a demora do SEF na concessão. Penso que o programa foi descredibilizado”, lamenta.
Segundo o responsável, o atraso no SEF na entrega de vistos gold “tem sido um fator extremamente negativo para o desenvolvimento do mercado de investimento estrangeiro”. “Conheço um caso de uns turcos que estão à espera há mais de seis meses e não têm noticias. É inadmissível”, afirma, lembrando que o Golden Visa “foi a grande alavanca” do bom momento que vive o setor imobiliário.
Portugueses mais ativos entre os compradores
Sobre o perfil dos clientes da LC, que é uma empresa de capitais chineses, Pedro Vicente adianta que continuam a ser sobretudo estrangeiros, havendo ainda assim 30% de portugueses.
“Neste momento conseguimos a diversificação, não dependemos só do mercado chinês, temos dezenas de origens. Diria que entre os 70% de estrangeiros os chineses não são mais de 20%, ou seja, 50% são de outras nacionalidades”, conclui.
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