Se 2018 foi um ano marcado pelo “excesso de otimismo”, 2019 será marcado pelo “bom senso”. Esta é a expectativa de Ricardo Sousa, CEO da imobiliária Century 21. Em entrevista ao idealista/news, o especialista admite que o imobiliário em 2019 será marcado por um arrefecimento do número das transações, uma vez que mais de 20% de quem procura casa está a desistir de fazê-lo por falta de condições financeiras. Um cenário que deverá levar à estabilização dos preços nos centros das principais cidades.
Os preços devem estabilizar nos centros, mas subir nas periferias. O especialista justifica este cenário com o facto de estes mercados “terem começado a sua recuperação mais tarde” e por serem cada vez cada vez mais procurados “por parte das famílias portuguesas que não conseguem aceder a soluções de habitação no centro das principiais cidades, como Lisboa e Porto”.
“Mais de 20% dos que procuram casa estão a desistir”
Segundo o CEO da Century 21, mais de 20% dos que procuram casa estão a desistir de comprar, ou arrendar, porque não têm capacidade económica ou rendimento disponível para acompanhar os preços praticados atualmente no mercado.
Ricardo Sousa fala de um 2018 “marcado por alguns excessos, sobretudo de otimismo, por parte de todos os operadores do setor”. Acredita que vai continuar a verificar-se uma forte procura, “quer nacional, quer internacional, em todo o território e os indicadores sustentam que irá continuar elevada ao longo de 2019”. Porém, adverte que o “decréscimo do poder de compra dos portugueses será um dos fatores de condicionamento à evolução do mercado”.
“Este é o momento em que todos os operadores devem assumir um compromisso com o desenvolvimento sustentável do setor imobiliário e incutir orientações comuns ao mercado, para evitar os excessos do passado"
Ricardo Sousa, CEO da Century 21
“Este é o momento em que todos os operadores devem assumir um compromisso com o desenvolvimento sustentável do setor imobiliário e incutir orientações comuns ao mercado, para evitar os excessos do passado", defende o responsável, ao idealista/news.
REITS podem dar impulso ao setor
A entrada em vigor do novo regime dos REITS em Portugal poderá vir a influenciar positivamente a oferta de imóveis para o mercado de arrendamento residencial, com preços mais ajustados à procura. Ainda assim, para Ricardo Sousa este veículo de investimento imobiliário terá sempre um impacto a médio prazo, e não é expectável que se registem alterações significativas no primeiro semestre do ano.
A Century 21 acredita que 2019 trará novas oportunidades para o setor residencial, mas também de escritórios, e que há segmentos de mercado com forte potencial, sobretudo pela criação de soluções que deem resposta a novas tendências habitacionais, como residências para estudantes e habitações que acompanhem as necessidades da população sénior.
Há ainda outros fatores em cima da mesa que podem vir a influenciar a evolução e as tendências do mercado, nomeadamente as eleições internas, o Brexit, ou a tensão geopolítica e económica entre os EUA, Europa e China. “O mercado imobiliário é um negócio global e impactado pelos ciclos económicos nacionais e internacionais”, refere a Century 21, em comunicado.
Travão nos preços das casas em Portugal este ano, antecipa S&P
Os preços das casas em Portugal vão continuar a subir, embora a um ritmo mais lento que nos últimos anos, seguindo a tendência generalizada que se vive na Europa, segundo as previsões da Standard & Poor’s (S&P).
As subidas vertiginosas dos preços das casas em Portugal, Lisboa e Porto desde 2016
Os preços das casas em Portugal subiram em flecha nos últimos anos. A liderar a subida está Lisboa, onde comprar casa já chega a custar 4.532 euros por metro quadrado (m2). Entre o primeiro trimestre de 2016 e o terceiro de 2018, o preço mediano de venda em Portugal aumentou 154 euros por m2, tendo passado de 830 euros por m2 para 984 euros por m2. Um cenário que também se verifica na capital e no Porto.
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