Na fachada está escrito o conhecido verso “E é amar-te, assim, perdidamente...”, junto de uma caricatura da escritora. 
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Casa onde viveu a poetisa Florbela Espanca em Vila Viçosa à venda no idealista
idealista/news

Florbela Espanca foi uma das poetisas portuguesas mais brilhantes de todos os tempos. A casa onde viveu parte da sua vida, em Vila Viçosa, no distrito de Évora, está agora à venda no idealista, por 59.500 euros. Segundo o anúncio, a moradia de 241 metros quadrados (m2) está a ser recuperada e divide-se em três pisos, com jardim no exterior.

Apesar de uma vida curta – morreu aos 36 anos –, a poetisa deixou um grande legado para a Língua Portuguesa e é um “símbolo” na sua terra natal. Deu nome à rua onde está localizado o imóvel, ao cineteatro, à biblioteca, existindo ainda um busto em sua homenagem na praça principal da vila. A casa, com evidentes sinais de degradação, tem escrito na fachada o conhecido verso “E é amar-te, assim, perdidamente...”, junto de uma caricatura da poetisa. 

A agência que está a comercializar o imóvel, Remax Golden Line III, escreve ainda, de resto, que o imóvel pode ser um “excelente investimento com potencial para um alojamento local”.

Espólio da poetisa atrai investigadores e turistas

Há muitos turistas e investigadores estrangeiros a rumar a Vila Viçosa em busca do “mundo” de Florbela Espanca, onde existe o desejo antigo de construir uma casa-museu para mostrar o seu espólio, segundo relatava uma reportagem da Lusa, publicada em janeiro de 2020. 

"Existe um carinho muito grande” por Florbela na sua “terra natal”, disse à agência de notícias Noémia Serrano, vice-presidente do Grupo Amigos de Vila Viçosa, que detém um “espólio valioso” com “cerca de 100 peças” da poetisa, legado pelo seu terceiro e último marido, Mário Lage. 

Interessados em consultar o espólio, chegam “muitos mestrandos e doutorandos” de universidades do Brasil, país onde “Florbela é mesmo muito importante”, contou ainda Noémia Serrano, referindo investigadores “de Oxford”, em Inglaterra, ou de “S. Francisco”, nos Estados Unidos, e “de várias universidades” nacionais que também “rumam” à vila. 

O desejo de construir uma casa-museu que se "arrasta há anos"

Num congresso sobre a escritora, investigadores brasileiros que visitaram a mostra “ficaram extremamente emocionados por verem estes materiais” escritos pelo “próprio punho” de Florbela Espanca, segundo as palavras de Tiago Salgueiro, técnico superior do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança.

“Isto dá-nos uma ideia daquilo que poderia vir a ser o impacto da casa-museu num futuro próximo. Portanto, o que desejamos é que o projeto se possa vir a concretizar a curto prazo”, refere ainda. Como investigador e membro do Grupo de Amigos de Vila Viçosa, lançou, há uns anos, um abaixo-assinado em defesa da casa-museu e tem identificado coleções particulares com “objetos relacionados com Florbela Espanca”, segundo relata a Lusa. 

“Há um espólio muito considerável que corre o risco de se perder”, alerta Tiago Salgueiro, defendendo que a casa-museu “é fundamental” para proteger as peças e reuni-las num “espaço digno”, que permita “a fruição pública” e seja motivo de atração turística. A verdade é que, ao longo dos anos, o avanço do projeto tem “sido complicado” porque “não tem existido vontade política”, critica ainda.

A criação da casa-museu “é uma batalha que já tem barbas”, marcada por “muitas dificuldades, tanto por parte da família” detentora da casa, “como por parte da edilidade, que umas vezes tem verba, outras vezes não tem”, sublinha ainda Noémia Serrano. Por altura da reportagem da Lusa, a porta-voz do Grupo Amigos de Vila Viçosa dizia acreditar no sucesso das negociações. “Penso que está tudo a conseguir-se para que o objetivo seja atingido” e o grupo “terá todo o gosto em possibilitar a mostra do espólio”.

Também Luís Nascimento, vice-presidente da câmara municipal, lembrava que “já há alguns anos” que o município contacta com “os proprietários do edifício onde viveu” a poetisa, e que "continuam em conversações". "Temos em orçamento a rubrica para poder adquirir esse edifício, estamos a aguardar respostas para que essa aquisição possa ser feita”, garantia, na altura. 

A casa-museu “enriqueceria bastante” Vila Viçosa porque “muitos dos visitantes que procuram” a vila e o concelho “procuram também Florbela” e há “pouco para mostrar”, quando, afinal, “há muito espólio guardado”, argumentava. 

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