Quantos anos de salário bruto são precisos para pagar a casa?
Análise do idealista mostra a taxa de esforço para pagar uma habitação, com dados por distrito e por cidades.
Na hora de comprar uma casa há que ter em conta vários fatores: o preço do imóvel, a solvência financeira, o financiamento, os custos associados à transação. Mas importa também saber a taxa de esforço que implica a aquisição, ou seja o tempo (em anos) que uma habitação pode demorar a pagar, caso fosse usada a totalidade do salário bruto anual para esse fim. O idealista realizou uma estimativa do salário bruto médio anual de 2020 e o preço médio de um apartamento T1 por distrito/cidade, de forma a calcular a taxa de esforço necessária segundo a localidade do imóvel em causa.
A pergunta que serviu de base a este exercício, na sequência de um estudo da UBS que calculava a taxa de esforço para comprar uma casa no centro das grandes cidades mundiais, sem contemplar Portugal, é: Se utilizássemos a totalidade do nosso salário anual bruto para pagar um apartamento de tipologia T1, quantos anos seriam necessários para ter a casa paga, segundo a zona do país onde está localizada? E os dados do idealista respondem.
Análise por distritos
Lisboa é o distrito que apresenta a maior taxa de esforço, com 10,8 anos de salário bruto anual para o pagamento da habitação. Segue-se o distrito do Porto com uma taxa de esforço de 10,6 anos, Aveiro (9,9 anos), Setúbal (9,6 anos), Leiria (8,7 anos). Estes são os cinco distritos que excedem os nove anos do salário bruto anual total para pagar a casa.
Verifica-se o oposto nos distritos de Vila Real (4,0 anos), Guarda (4,3 anos), Portalegre (4,5 anos), Beja (4,9 anos), Évora (5,1 anos), Castelo Branco (5,8 anos) e Santarém (6,0 anos). Estes são os distritos onde a taxa de esforço é até seis anos do salário bruto anual total para pagar a casa.
Distritos |
Preço médio T1(€) |
Preço por m2 |
Salário médio anual bruto (€) |
Anos para pagar |
Aveiro | 121.473 | 1.882 | 12.218 | 9,9 |
Beja | 52.631 | 774 | 10.638 | 4,9 |
Braga | 107.796 | 1.561 | 13.081 | 8,2 |
Bragança | 70.217 | 986 | 10.218 | 6,9 |
Castelo Branco | 53.793 | 917 | 9.251 | 5,8 |
Coimbra | 93.933 | 1.389 | 11.815 | 8,0 |
Évora | 53.098 | 845 | 10.505 | 5,1 |
Faro | 164.513 | 2.332 | 19.607 | 8,4 |
Guarda | 43.732 | 641 | 10.073 | 4,3 |
Leiria | 95.287 | 1.273 | 10.941 | 8,7 |
Lisboa | 231.273 | 4.006 | 21.350 | 10,8 |
Portalegre | 40.467 | 622 | 8.958 | 4,5 |
Porto | 166.230 | 2.798 | 15.678 | 10,6 |
Santarém | 59.720 | 767 | 10.015 | 6,0 |
Setúbal | 127.222 | 1.944 | 13.318 | 9,6 |
Viana do Castelo | 88.330 | 1.244 | 13.274 | 6,7 |
Vila Real | 49.500 | 776 | 12.316 | 4,0 |
Viseu | 95.410 | 1.275 | 11.230 | 8,5 |
Madeira (Ilha) | 139.610 | 1.890 | 17.335 | 8,1 |
São Miguel (ilha) | 115.411 | 1.592 | 13.433 | 8,6 |
Análise por cidades
Se analisarmos os dados por cidade, Coimbra e Évora apresentam as maiores taxas de esforço com 10,4 anos, seguidas de Aveiro (10,2 anos), Lisboa (9,9 anos), Faro e Viseu (9,7 anos) e Braga (9,5 anos). Estas são as cidades que excedem os nove anos do salário bruto anual total para pagar a casa.
Contrariamente, temos as cidades que se apresentam com uma taxa de esforço abaixo dos seis anos, nomeadamente: Guarda (4,7 anos), Beja (4,8 anos), Vila Real (5,6 anos), Santarém (5,7 anos) e Portalegre (5,8 anos).
Cidade |
Preço médio |
Preço por m2 |
Salário médio bruto (€) |
Anos para pagar |
Aveiro | 143.829 | 2.468 | 14.071 | 10,2 |
Beja | 51.900 | 782 | 10.872 | 4,8 |
Braga | 126.064 | 2.153 | 13.245 | 9,5 |
Bragança | 78.667 | 1.081 | 9.800 | 8,0 |
Castelo Branco | 56.451 | 875 | 8.928 | 6,3 |
Coimbra | 140.741 | 1.970 | 13.497 | 10,4 |
Évora | 124.167 | 2.278 | 11.966 | 10,4 |
Faro | 172.290 | 2.255 | 17.800 | 9,7 |
Guarda | 49.846 | 785 | 10.712 | 4,7 |
Leiria | 89.794 | 1.280 | 12.205 | 7,4 |
Lisboa | 284.820 | 5.033 | 28.839 | 9,9 |
Portalegre | 56.792 | 775 | 9.819 | 5,8 |
Porto | 183.713 | 3.211 | 23.619 | 7,8 |
Santarém | 59.000 | 760 | 10.275 | 5,7 |
Setúbal | 99.213 | 1.512 | 11.217 | 8,8 |
Viana do Castelo | 103.769 | 1.631 | 12.997 | 8,0 |
Vila Real | 69.857 | 1.159 | 12.422 | 5,6 |
Viseu | 108.618 | 1.549 | 11.226 | 9,7 |
Funchal | 172.214 | 2.148 | 21.564 | 8,0 |
Ponta Delgada | 115.411 | 1.592 | 13.433 | 8,6 |
Visto à lupa
"Seria de esperar que os locais que apresentassem uma taxa de esforço mais alta, os valores unitários também fossem os mais elevados, mas tal não se verifica sempre", analisa Inês Campaniço, responsável do idealista/data em Portugal.
O distrito do Porto apresenta uma taxa de esforço alta (10,6 anos) com um valor unitário de 2.798 euros por metro quadrado (m2). A cidade de Coimbra apresenta uma taxa de esforço elevada (10,4 anos) com um valor unitário de 1.970€/m2. A cidade de Lisboa é a que apresenta o valor unitário de compra mais alto (5.033€/m2), contudo isso não se reflete como sendo a taxa de esforço mais elevada das cidades.
Os valores unitários mais elevados são na cidade/distrito de Lisboa (5.033€/m2 e 4.006€/m2 respetivamente) e na cidade/distrito do Porto (3.211€/m2 e 2.798€/m2).
"Pese embora não se verifique total correspondência, observamos que quanto maior o valor unitário maior será a taxa de esforço, ou seja, é preciso ter um salário superior para conseguir comprar o imóvel em causa em menos tempo", remata a responsável.