A pandemia veio piorar a qualidade de vida nas 12 cidades analisadas pela Deco Proteste, tendo sido Leiria o município com melhor desempenho durante esta crise.
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As cidades portuguesas com mais qualidade de vida em tempos de Covid-19
Photo by Diogo Palhais on Unsplash

A pandemia veio gerar novas necessidades de espaço e há quem pense em mudar de casa, e até mesmo de localidade. A qualidade de vida é algo que pesa na decisão sobre o sítio que se escolhe para morar, e para formar opinião nada como ouvir quem lá vive. Os habitantes de Viseu, Leiria e Braga são os que se encontram, em geral, mais satisfeitos com o local onde vivem. Já quem está em Évora, Lisboa, Porto e Setúbal encontra mais razões que desagradam nos respetivos centros urbanos, segundo um estudo realizado pela Deco Proteste, que analisou a qualidade de vida em 12 cidades portuguesas em plena pandemia.

O estudo – que obteve quase 3.500 respostas - analisou indicadores como a habitação, o custo de vida, o emprego e o mercado de trabalho, e conclui também que a crise do coronavírus veio piorar a qualidade de vida na localidades analisadas. Segundo a Deco Proteste, das dez vertentes avaliadas, o custo de vida, a segurança e criminalidade e a limpeza e gestão de resíduos são as que têm maior impacto na qualidade de vida nas cidades, destacando Viseu como aquela que se encontra acima da média nestes três critérios.

As cidades portuguesas com mais qualidade de vida em tempos de Covid-19
idealista/news

Para cada área, a associação perguntou aos portugueses qual a avaliação que faziam entre o momento em que responderam (final de 2020) e o período imediatamente anterior à crise do coronavírus. “Embora na maioria das cidades os inquiridos defendam que está tudo na mesma, há diferenças nalguns critérios: é o caso de um terço dos lisboetas que responderam ao inquérito, os quais consideram que o meio ambiente e a poluição melhoraram. Para esta opinião, deve ter contribuído o confinamento e o menor número de carros a circular em Lisboa”, lê-se no estudo.

Mercado da habitação, a área que menos agrada

O mercado da habitação, para o qual a Deco pediu que fosse avaliada a oferta de casas e os respetivos preços, é a área com uma apreciação média mais baixa: 5,1 em 10 pontos. Nas três cidades com um índice mais baixo nesta área, mais de 60% dos inquiridos revelaram-se insatisfeitos com o mercado da habitação. O custo de vida (5,5) e o emprego e mercado de trabalho (5,6) são outras áreas com uma apreciação média baixa.

As cidades portuguesas com mais qualidade de vida em tempos de Covid-19
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Para a Deco Proteste não será indiferente a estes resultados a crise que afetou o país há dez anos, nem as consequências que a pandemia está a ter para todos os cidadãos, em geral, e determinados setores, em particular. “Por exemplo, cerca de metade dos inquiridos de Évora e Faro consideram que o mercado da habitação está pior do que antes da pandemia. Em relação ao emprego e mercado de trabalho, cerca de 60% ou mais dos inquiridos de todas as cidades referiram que piorou. Quanto ao custo de vida, só em Évora, Setúbal e Porto, mais de metade dos habitantes indicaram que a situação estava pior do que antes da crise do coronavírus”, explica.

Apesar de tudo, conclui o inquérito, as cidades são consideradas seguras e os habitantes estão satisfeitos com a educação, pois estas duas áreas atingiram o índice de satisfação médio mais elevado: 7 pontos em 10 possíveis. “Contudo, mais de um terço dos inquiridos de Braga consideram que a segurança diminuiu com a pandemia. Quanto à educação, perto de um terço dos habitantes de Évora e quase um quarto dos de Lisboa defendem que também piorou com a covid-19”, acrescenta.

Pandemia reduziu qualidade de vida

O inquérito da associação focou-se também na opinião dos inquiridos sobre a qualidade de vida há cinco anos, há dois anos, imediatamente antes da crise do coronavírus e quando responderam ao inquérito, entre outubro e novembro de 2020. “Procurámos, assim, obter a perceção dos portugueses quanto à recuperação da crise económica originada pelo pedido de ajuda externa e os anos da troika até ao momento que a pandemia obrigou a fechar o país”, adianta.

“Foi unânime que a crise do coronavírus diminuiu a qualidade de vida em todas as cidades. Enquanto nos anos anteriores se tinha mantido relativamente estável, só com algumas subidas e descidas ligeiras em certos centros urbanos, o final de 2020 veio piorar o cenário”, conclui a publicação.

O inquérito foi realizado entre outubro e novembro de 2020 aos habitantes das 12 capitais de distrito com mais população: Aveiro, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Leiria, Lisboa, Porto, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu. No total, os resultados são baseados em 3487 respostas válidas, que espelham as opiniões e as experiências dos inquiridos.

Leiria lidou bem com a crise

"Mas terão as câmaras lidado bem com os desafios originados pela pandemia?", questiona ainda a Deco Proteste. Em geral, segundo o estudo, e desde o início da pandemia que se verifica uma diminuição da satisfação dos portugueses com o desempenho das câmaras municipais das cidades analisadas. Os inquiridos de Leiria revelaram-se os mais satisfeitos com o desempenho municipal, desde o momento em que a crise do coronavírus começou (março de 2020) até à altura em que preencheram o inquérito, no final de 2020, apesar de um decréscimo do nível de satisfação.

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