Toni Blackburn, proprietária de uma casa barco no Douro, conta ao idealista/news como é a experiência de viver sobre água.
Comentários: 0
Como é viver numa casa barco?
Toni Blackburn e Stefan Friese, proprietários de uma casa barco atracada no rio Douro Frederico Weinholtz

Ela é norte-americana (nasceu em Walla Walla, no estado de Washington) e ele é alemão. Viviam em Berlim (Alemanha) e decidiram, em plena pandemia da Covid-19 – em maio de 2020 –, investir numa casa barco em Portugal. Se foi uma opção arriscada? De certa forma sim, reconhece ao idealista/news Toni Blackburn, numa conversa realizada na sala da casa barco que o casal (Toni Blackburn e Stefan Friese) adquiriu e que se encontra atracada em Caldas de Aregos, concelho de Resende. A experiência de viver durante alguns períodos do ano sobre as águas do rio Douro é contada, em baixo, na primeira pessoa.

“Estávamos em maio de 2020 e fomos, claro, atingidos pela Covid-19, e estávamos sozinhos em Berlim, inquietos e com vontade de fazer alguma coisa. Começámos a procurar casas barco e outro tipo de barcos náuticos, mas não eram tão interessantes como esperávamos. E depois encontrei esta casa num site de barcos: ficámos imediatamente interessados e voámos até ao Porto, rumo ao Douro. Nunca tinha estado aqui e apaixonei-me desde logo. Foi amor à primeira vista para nós”, começa por dizer, salientando que nunca tinha vivido numa casa flutuante. “Esta é a nossa primeira experiência”. 

"Nunca tinha estado no Douro e apaixonei-me desde logo. Foi amor à primeira vista para nós"

E a paixão pelo país não se ficou por aqui. Toni e o companheiro desfazem-se em elogios a Portugal, e a provar isso mesmo está o facto de terem comprado “recentemente um terreno na zona do Douro”, onde construirão depois uma propriedade. 

Quando questionada sobre se não teria sido um pouco arriscado ter comprado uma casa barco em Portugal em plena pandemia, Toni Blackburn responde que sim, mas deixa outra pergunta: “Porque não? Pensámos que ficar no barco faria com que não estivéssemos tão expostos a outras pessoas e que seria, talvez, um bom lugar para viver durante o período pandémico”. 

“Ter uma casa barco é um bom investimento”

“Acho que uma casa barco é um bom investimento. Pelo menos, foi um bom investimento para nós. Temos mais flexibilidade, como referi, por estar na água e atracados nesta maravilhosa localidade, onde não estamos realmente expostos ao caos de uma cidade grande. Por isso achámos, na altura, que seria um bom investimento”, comenta.

"O que fez com que nos apaixonássemos pela casa barco foi o facto de podermos viver no interior e no exterior da casa ao mesmo tempo”

Mas quais são, afinal, as vantagens de ter ou viver numa casa flutuante? “A maior vantagem é que há a flexibilidade de se poder velejar, se se quiser. E, no nosso caso, está atracada num local muito seguro. Podemos viver tanto fora como dentro, tendo todas as janelas abertas, e achámos que isso seria mais vantajoso que ter uma casa normal. Uma casa barco como esta é muito autossustentável, então é possível viver aqui como se se vivesse numa casa 'imóvel'. Tem todas as comodidades existentes numa casa convencional. Além disso, há a flexibilidade de se poder navegar quando se quiser e de se poder abrir todas as janelas, o que foi um grande fator de compra para nós. O que fez com que nos apaixonássemos pela casa barco foi o facto de podermos viver no interior e no exterior da casa ao mesmo tempo”.

Viver em sintonia com a natureza

A proprietária desta casa barco da Gofriday, empresa que foi comprada este ano pela Ecosteel, destaca o facto de poder viver em sintonia com a natureza, bastando para tal abrir as janelas e respirar ar puro onde quer que esteja atracada.  

Toni Blackburn conta ainda que, quando vem a Portugal, o casal costuma ficar hospedado uma noite no Porto, seguindo depois em direção à casa flutuante: “Ficamos na casa barco a maior parte do tempo e velejamos pelo Douro talvez três vezes por semana. E fazemo-lo nos dois sentidos do rio”. 

“[Quando estamos em Portugal] ficamos na casa barco a maior parte do tempo e velejamos pelo Douro talvez três vezes por semana. E fazemo-lo nos dois sentidos do rio"

Toni Blackburn destaca ainda o facto de ser obrigatório ter uma licença de marinheiro para se poder navegar com a casa barco no Douro e de já ter velejado durante várias horas numa só viagem. “Cerca de seis horas, talvez”. 

A casa barco de Toni Blackburn e Stefan Friese está atracada no Douro
Toni Blackburn e Stefan Friese compraram a casa barco em maio de 2020 Frederico Weinholtz

“Sentimo-nos muito seguros na casa barco”

E quão confortável será viver numa casa que também é um barco e que está, por isso mesmo, muito tempo atracada em cais/marinas? “Até à data temo-nos sentido muito seguros. Na verdade, todas as pessoas já nos conhecem aqui [Caldas de Aregos] e todas conhecem a casa barco. Há um portão que fica trancado todas as noites a partir das 19h00 e depois é aberto de manhã. No fundo, é como viver num condomínio fechado”, explica. 

Sobre os custos de manutenção, a proprietária desta casa barco da Gofriday frisa que, até à data, “têm sido mínimos”, dispondo o imóvel de um sistema técnico bastante avançado. “Esperamos que não precise de muita manutenção. Até agora tem sido ótimo. É tudo computadorizado e podemos saber rapidamente quando há algo que não está bem, por exemplo. Até agora tem sido bastante simples”.

“É muito bom viver em Portugal”

Enaltecendo o facto da casa flutuante ser autossustentável e amiga do ambiente – tem, por exemplo, painéis solares que dão energia suficiente para fazer vários equipamentos funcionarem –, Toni Blackburn desfaz-se em elogios a Portugal, considerando que é um país “muito bom” para viver, “especialmente durante a pandemia”. “Quando viemos para cá, sinceramente não percebemos como é que o mundo estava lá fora, o que é que se passava, não ouvíamos tantas notícias, optámos por desligar um pouco. Quando chegámos aqui, tivemos realmente uma sensação de paz em relação ao que estava a acontecer, era tudo um pouco menos caótico do que, por exemplo, quando voltámos para Berlim, uma cidade grande. Definitivamente que Portugal é um lugar tranquilo para se viver, sobretudo durante a pandemia”. 

São muitas as pessoas que, devido à pandemia, estão a optar por sair da cidade e a ir para o campo, ou pelo menos para zonas mais afastadas dos grandes centros urbanos. Uma tendência que também se verifica em Portugal. Tendo em conta este contexto, será que uma casa flutuante pode ser uma boa alternativa de habitação? “Sentimos que viver mais digitalmente é o caminho para o futuro”, afirma Toni Blackburn. “Sobretudo o Stefan  trabalha muito remotamente durante o dia, e aqui temos internet para fazer o que precisamos. Acho que isso dá muita flexibilidade às pessoas, e muitas já nos disseram que queriam vender as suas casas e comprar algo assim, como uma casa barco”, conclui.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta

Publicidade