PRR tem apenas verbas para das casas a 26 mil famílias. Como vai chegar o financiamento a todos os municípios?
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Casas dignas para as famílias
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Quantas famílias vivem, hoje, com carência habitacional em Portugal? O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) havia identificado cerca de 26 mil famílias a viver em condições indignas em 2018. E é neste número em que se baseia a estratégia de habitação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Mas tudo indica estes dados estão desatualizados: a investigação a decorrer no CiTUA-IST já contabilizou mais do dobro de casos e poderá chegar mesmo aos 100 mil.

Quando começaram a ser anunciados os destinos das verbas da bazuca europeia, ficou claro que 1,2 mil milhões de euros seriam alocados para promover habitação condigna às 26 mil famílias identificadas pelo IHRU em 2018. Mas logo aqui houve duas questões que não foram tidas em conta pelo Executivo de António Costa, assinala o Público:

  • Apenas 187 dos 308 municípios identificaram carências habitacionais;
  • Necessidades habitacionais mudam com o tempo.

Tanto que mudam que a investigadora Sílvia Jorge afirma já ter contabilizado cerca de 65 mil famílias em situação de carência habitacional, passando a pente fino as Estratégias Locais de Habitação (ELH) elaboradas por 113 municípios. E quando estiver concluída a análise dos 308 municípios, o número de casos deverá ficar entre os 85 e os 100 mil, garante José Carlos Guinote, engenheiro civil e doutorado em Urbanismo pela Universidade de Lisboa, citado pelo mesmo jornal.

PRR financia casas
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A quem vão chegar as verbas do PRR?

Está à vista que a verba destinada a promover habitação condigna não vai chegar para suprir as verdadeiras necessidades do país. E, portanto, não será possível “erradicar as principais carências habitacionais até ao 50.º aniversário do 25 de abril, em 2024”, como primeiro prometeu António Costa no seu programa eleitoral.

À margem das verbas do PRR vão ficar resolvidos, tão só, 26 mil casos. E a onde vão chegar estas verbas? Aos primeiros municípios que entregarem a Estratégia Local de Habitação e se candidatarem ao programa 1º Direito. Os concelhos mais rápidos a candidatem-se poderão, portanto, contar com os fundos da bazuca europeia, que promete financiar os projetos a 100%.

Já os municípios que chegarem depois de excedida a verba do PRR destinada à habitação, não terão acesso às mesmas condições de financiamento. Ou seja, desta forma não se está a garantir que as situações de maior necessidade serão as primeiras a ser resolvidas.

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