Estrangeiros adquirem uma casa de 100 m2 por 223 mil euros. Já residentes em Portugal compram casa por 137 mil euros, diz INE.
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Comprar casa em Portugal
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Portugal é, na sua génese, um país convidativo para viver. O seu clima, segurança e a natureza envolvente fixam muitos portugueses no país e atraem estrangeiros dos quatro cantos do mundo. Tanto assim que a procura de casas para comprar continua muito superior à oferta existente no mercado residencial. É, sobretudo, neste desequilíbrio que está o gatilho para a continuada subida dos preços das casas no país, trimestre após trimestre. A verdade é que todas as famílias estão a comprar casas mais caras e, neste panorama, os estrangeiros acabam por gastar mais 63% do que os residentes em Portugal. Mas onde é que as famílias portuguesas e estrangeiras têm comprado casas mais caras? E quanto é que os preços subiram? O idealista/news mergulhou nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e explica tudo.

Todas as famílias, em geral, estão a pagar mais pelas casas que adquirem em território nacional. Mas há diferenças nos preços medianos pagos na venda das casas consoante a origem do comprador, mostram os dados do INE divulgados esta terça-feira, dia 25 de outubro, e analisados pelo idealista/news:

  • Compradores com domicílio fiscal em Portugal: pagaram, em termos medianos, 1.372 euros por metro quadrado (euros/m2) por uma habitação nos últimos 12 meses terminados em junho, mais 14% do que pagavam há um ano. E mais 4% do que desembolsaram no mesmo período terminado no primeiro trimestre deste ano;
  • Compradores com domicílio fiscal no estrangeiro (União Europeia e outros países): adquirir uma habitação custou 2.234 euros/m2 nos últimos 12 meses terminados no segundo trimestre de 2022, mais 19% do que há um ano. E face ao mesmo período terminado no primeiro trimestre de 2022, as casas em Portugal ficaram 3% mais caras para os estrangeiros.

Isto quer dizer que os estrangeiros estão a comprar casas 63% mais caras, em termos medianos, do que os residentes em Portugal. Ou seja, uma família estrangeira adquire uma casa de 100 metros quadrados pelo valor de 223 mil euros, enquanto uma família portuguesa compra uma habitação com os mesmos 100 m2 por 137 mil euros (-86 mil euros).

São as famílias com domicílio fiscal fora da União Europeia (UE) que compram casas a preços mais elevados: nos últimos 12 meses terminados no segundo trimestre o preço mediano das habitações vendidas foi de 2.592 euros/m2, mais 12% que no período homólogo. Já os agregados estrangeiros que vivem em países da UE compraram casas ao preço mediano de 1.950 euros/m2 no último ano terminado em junho, um valor 14% superior face ao mesmo período de 2021.

Compradores residentes em Portugal: onde compram casas mais caras? E mais baratas?

Os compradores com domicílio fiscal em território nacional estão a pagar casas a preços mais elevados em todos os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes, mostram os dados do INE. Os maiores aumentos homólogos dos preços medianos das casas vendidas foram observados em Gondomar (+17%), Seixal, Vila Nova de Gaia, Sintra e Braga (todos com aumentos de 15%). Já as subidas de preços menos expressivas foram registadas em Guimarães (+7%) e Odivelas (+8%).

Já face aos últimos 12 meses terminados no primeiro trimestre de 2022, os compradores residentes em Portugal sentiram os preços das casas subir mais em Barcelos (+7%), Funchal, Leiria, Vila Nova de Gaia, Sintra, Santa Maria da Feira e Setúbal (todos com 5%). E menos em Guimarães e Matosinhos (cerca de +2%), por exemplo.

Sem surpresa, é em Lisboa onde as famílias com domicílio fiscal em Portugal pagam mais pela compra de uma casa: uma habitação de 100 m2 custa 357 mil euros, em termos medianos (3.574 euros/m2). Logo a seguir está Cascais (3.216 euros/m2), Oeiras (2.815 euros/m2) e Porto (2.378 euros/m2), revela o INE.

Dentro dos municípios com mais de 100 mil habitantes, é em Santa Maria da Feira, Barcelos e Guimarães onde os residentes no país compram habitações a preços mais acessíveis, mostram os dados.

Compradores estrangeiros: quais são os municípios onde os preços mais subiram?

Os estrangeiros que adquirem casas no nosso país, geralmente, desembolsam mais euros. Até porque os preços das casas transacionadas por compradores internacionais subiram em praticamente todos os municípios com mais de 100 mil habitantes – a única exceção foi no concelho do Seixal onde os valores medianos desceram 2% em termos homólogos.

Comparando com os preços das casas vendidas no último ano terminado em junho face ao período homólogo, verifica-se que os estrangeiros comparam casas 24% mais caras no Funchal (Madeira). Também em Cascais (+20%), Almada (+16%) e em Braga (+13%) os estrangeiros adquiriram habitações a preços mais elevados do que no ano passado.

Já face aos últimos 12 meses terminados em março de 2022, foi em Guimarães onde os compradores estrangeiros gastaram mais na compra de uma habitação (+18%), seguido do Funchal (10%) e Braga (9%). Tal como na análise em termos homólogos, só no Seixal é que estas famílias com domicílio fiscal no estrangeiro pagaram menos pelas casas (-13%).

Também é no município de Lisboa onde os estrangeiros compram as casas mais caras de todas, pagando, em termos medianos, 5.230 euros/m2 – um valor 46% superior ao que as famílias residentes em Portugal pagam na capital. O ranking dos municípios onde os estrangeiros compram casas a preços mais elevados continua com Cascais (4.749 euros/m2) e Porto (3.287 euros/m2).

Já onde os estrangeiros adquirem as habitações a preços mais em conta é em Guimarães (858 euros/m2), Braga (1.280 euros/m2) e Leiria (1.320 euros/m2).

De notar que na análise dos valores medianos das casas vendidas a compradores estrangeiros não há dados disponíveis para Amadora Barcelos, Matosinhos, Gaia, Gondomar, Maia, Santa Maria da Feira, Coimbra, Odivelas e Vila Franca de Xira, e Vila Nova de Famalicão.

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