Entre abril e junho de 2022, os preços subiram mais nas casas usadas (14,7%) do que nas habitações novas (8,4%), diz o INE.
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Preços das casas em Portugal
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Mesmo num contexto de alta inflação e de subida de juros nos créditos habitação, as famílias continuam a comprar casa em Portugal, tendo sido registada a transação de 43.607 habitações entre abril e junho de 2022, mais 4,5% face ao mesmo período de 2021. Isto quer dizer que a procura continua em alta para uma oferta de habitação estruturalmente escassa, um desequilíbrio que é responsável, em grande medida, pela subida dos preços das casas. O Instituto Nacional de Estatística (INE) avança esta quinta-feira, dia 22 de setembro, que o preço das casas subiu 13,2% entre o primeiro trimestre de 2022 e o período homólogo, atingindo um “novo máximo histórico”.

Casas voltam a ficar mais caras e atingem recordes

“No segundo trimestre de 2022, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) registou um aumento, em termos homólogos, de 13,2%, mais 0,3 pontos percentuais (p.p.) face ao observado no trimestre anterior, atingindo um novo máximo histórico da série disponível”, lê-se no boletim publicado esta quinta-feira.

E foi precisamente nas casas usadas que se registou o aumento de preços mais expressivo neste período, de 14,7% (13,6% no primeiro trimestre de 2022). Já o preço das casas novas subiu 8,4%, uma taxa inferior em 2,5 p.p. à registada no trimestre precedente.

Comparando com o trimestre anterior, os preços das casas aumentaram em 3,1% no período compreendido entre abril e junho deste ano. E também neste período foi registado um aumento mais pronunciado no preço das casas usadas (3,9%), do que no das casas novas (0,6%).

Também a taxa de variação média anual dos preços das casas atingiu um "novo máximo histórico" da série disponível pelo INE: fixou-se em 12,3% no segundo trimestre de 2022, acelerando 1,3 p.p. face ao trimestre anterior. “Entre abril e junho de 2022, a taxa de variação média anual dos preços das habitações existentes foi superior à observada nas habitações novas, 13,0% e 10,4%, respetivamente. Em ambos os casos, tratou-se da taxa mais elevada desde o início das séries”, explica o gabinete de estatística português na mesma nota.

Compra de casas aumenta 4,5% entre abril e junho de 2022

A procura de casas para comprar continua alta. E os dados do INE também espalham esta realidade: só entre abril e junho deste ano foram transacionadas 43.607 habitações, traduzindo-se num crescimento de 4,5% face ao mesmo período 2021.

E no segundo trimestre de 2022 houve uma maior procura de casas novas para comprar do que casas usadas:

  • Casas novas: foram transacionadas 7.865 unidades, mais 18,9% que no trimestre homólogo;
  • Casas usadas: 35.742 habitações mudaram de proprietário, correspondendo a um aumento homólogo de 1,8%.

Já comparando o número de casas compradas entre o primeiro e o segundo trimestre do ano, o INE da conta que houve uma evolução de apenas 0,1% (-5,1%, no trimestre anterior). “O crescimento no número de transações foi observado unicamente no caso das habitações novas (3,4%), sendo que nas habitações existentes se registou uma taxa de variação de -0,6%”, explica ainda.

E quanto capital movimentou a compra de casas em Portugal?

Entre abril e junho de 2022, o valor das casas transacionadas fixou-se em 8,3 mil milhões de euros, mais 19,5% face ao registado no mesmo trimestre de 2021. E por categoria de habitação assim se divide este investimento:

  • Compra de casas usadas movimentou 6,3 mil milhões de euros, um aumento de 16,8% face ao mesmo período de 2021
  • Compra de casas novas movimentou 2,0 mil milhões de euros, registando uma subida homóloga de 29,0%.

“O valor das transações de alojamentos aumentou 2,5% no segundo trimestre de 2022 face ao trimestre imediatamente anterior. Neste período, o crescimento observado no valor das transações das habitações existentes superou o das habitações novas, 3,0% e 1,2%, respetivamente”, destaca o instituto.

Quem está a comprar mais casas em Portugal?

Entre abril e junho de 2022, foram as famílias as responsáveis pela aquisição da maioria das habitações:

  • Compraram 38.181 casas (87,6% do total), o que representa um crescimento do número de transações de 8,7% em termos homólogos e de 0,9% relativamente ao trimestre anterior;
  • Investiram 7,2 mil milhões de euros (86,7% do total), apresentando um crescimento homólogo de 22,2% e um aumento de 3,2% face ao trimestre anterior.

E esta é a origem dos compradores das casas no segundo trimestre do ano:

  • Domicílio fiscal em Portugal: responsável pela aquisição de 93,6% das casas, ou seja, 40.824 unidades, um valor que subiu 2,0% em termos homólogos;
  • Domicílio fiscal fora do Território Nacional: compraram 2.783 casas (6,4% do total), sendo que a categoria União Europeia correspondeu a 3,6% e os Restantes Países a 2,8%.

“As transações referentes a compradores com domicílio fiscal fora do território nacional continuaram a aumentar a ritmos significativamente superiores”, destaca o INE:

  • as aquisições dos compradores com domicílio fiscal na União Europeia (UE) ascenderam a 1.555 unidades, mais 62,0% face a idêntico período de 2021;
  • a categoria de domicílio fiscal nos países fora da UE totalizou 1.228 transações, traduzindo-se num aumento homólogo de 63,1%.

Onde é que se compram mais casas em Portugal?

Olhando para o mapa de Portugal, verifica-se a Área Metropolitana de Lisboa e a região Norte, juntas, representam a maioria das casas compradas no segundo trimestre do ano (58%). Assim se distribuem por regiões o número de transações registadas neste período, bem como o valor associado:

  • Área Metropolitana de Lisboa: 13.336 casas compradas (30,6% do total), o que se traduziu em 3,5 mil milhões de euros investidos (42,0% do volume total);
  • Norte: 11.967 unidades transacionadas (27,4%), resultando num investimento de 1,9 mil milhões de euros (22,3%);
  • Centro: registou um total de 9.014 transações (20,7%), resultando num investimento de 1,1 mil milhões de euros (12,9%);
  • Algarve: registaram-se 4.166 transações (9,6%), que movimentaram 1,2 mil milhões euros (14,5% do total);
  • Alentejo: fixaram-se em 3.322 unidades, (7,6% do total), refletindo-se em 369 milhões de euros investidos (4,5% do valor total)
  • Região Autónoma da Madeira: número de transações ascendeu a 1.100 unidades (2,5%), traduzindo-se em 227 milhões de euros (2,7%);
  • Região Autónoma dos Açores: contabilizaram-se 702 transações (1,6%), totalizando totalizaram 96 milhões de euros (1,2%).
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