Procura por estrangeiros vai dinamizar compra de casas em 2024 e 2025. Subida de salários dos residentes também terá peso, diz BdP
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Compra de casas em Portugal
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As taxas de juro nos créditos habitação estão a subir a toda a velocidade em 2022. E este fator aliado ao aumento da inflação em Portugal – fixou-se em 9,9% em novembro -, tem um impacto direto na compra de casas no país. Segundo as estimativas do Banco de Portugal (BdP), o investimento em habitação “abranda significativamente em 2022” e vai reduzir em 2023. Mas entre 2024 e 2025, é esperado um aumento da compra de casas, associado à subida do rendimento das famílias portuguesas, bem como à maior procura de casas por estrangeiros.

As previsões do regulador português para o investimento residencial não trazem boas notícias: “O investimento em habitação abranda significativamente em 2022 (de 12,2% para 0,3%) e reduz-se em 2023, refletindo o impacto da estagnação do rendimento disponível e do aumento das taxas de juro sobre a procura”, explica o regulador português no Boletim Económico de dezembro de 2022 publicado na passada sexta-feira, dia 16 de dezembro.

Já para 2024 e 2025, o supervisor bancário liderado por Mário Centeno prevê uma recuperação do investimento em habitação em Portugal, sem, contudo, alcançar os valores registados no final de 2021 dado o impacto da normalização das condições de financiamento pelo Banco Central Europeu. “Para 2024-25, espera-se um crescimento [do investimento residencial] de 2,2%, em média, associado ao aumento do rendimento das famílias residentes, bem como à procura por não residentes e para fins turísticos”, esclarece o BdP.

Comprar casa em 2023
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Estrangeiros trazem dinamismo ao mercado residencial português

A compra de casa por estrangeiros terá um papel importante na recuperação do investimento em habitação. Isto porque, no Relatório de Estabilidade Financeira de novembro de 2022, o regulador português fez referência ao papel dos estrangeiros no “dinamismo” do mercado residencial português na última década. E conclui que “após alguma redução na sequência da pandemia, as transações de habitação envolvendo compradores com domicílio fiscal fora de Portugal voltaram a aumentar significativamente, com o contributo maioritário dos compradores com domicílio fiscal fora da União Europeia (UE)”, revelou o documento publicado no passado dia 23 de novembro.

Os compradores não residentes em Portugal representaram 11,7% do valor das transações de habitação no país no acumulado dos quatro trimestres terminados em junho (+2,8 pontos percentuais do que no período homólogo). E compraram casas, em média, 95% mais caras do que os residentes no país, tal como noticiou o idealista/news.

Foram os compradores com domicílio fiscal fora da União Europeia (UE) que compraram casas mais caras: o valor médio de transação foi de 414 mil euros, superior em 143% ao valor médio das transações envolvendo compradores residentes em Portugal. Já os residentes em outros países da UE compraram habitações por 265 mil euros (em média), um montante 55% superior ao valor médio de transação dos compradores com domicílio fiscal em Portugal.

De notar ainda que, de acordo com os Census 2021, há famílias estrangeiras que residem em Portugal. Em concreto, há 542.165 pessoas de nacionalidade estrangeira a viver no nosso país, representando 5,2% do total da população residente. E a população de nacionalidade brasileira era a mais representativa, totalizando 36,9% do total de estrangeiros, revela o boletim do Instituto Nacional de Estatística (INE) esta segunda-feira publicado. Ainda assim, a maioria da população estrangeira residente em Portugal (58%) não compra casas, optando sobretudo por arrendar habitações.

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