Milhares de pessoas dão força e deixam-se inspirar pela reabilitação desta casa antiga, levada a cabo por Bárbara e André.
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Reabilitar casas antigas
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Podemos ter a certeza de que já conhecemos uma casa de outra vida? Podemos ver uma imensidão de luz num espaço enorme com janelas fechadas com tijolos? Bárbara Morais teve a certeza de que a casa Beija Flor era sua quando entrou naquele hall. E só conseguiu ver beleza em quilos e quilos de cocó de pombo e pó acumulado durante anos. Foi nessa beleza que encontrou rumo para começar a reabilitar a casa com as suas próprias mãos. Hoje, a história inspira milhares de portugueses que a seguem.

Tudo começou há dois anos, quando Bárbara e André (mãe e pai de Flor e Benjamim) começaram à procura de casa. O objetivo era apenas trocar uma casa arrendada por uma habitação própria. Não tinham nada definido, nem sequer a localização.

Mas tudo mudou desde a primeira visita. “Quando visitei a primeira casa percebi que precisava de história”, partilha Bárbara em entrevista ao idealista/news. “O meu pai é arqueólogo e sempre sonhou ter uma quinta. Acho que a paixão por este tipo de arquitetura vem desde essa altura”, acrescenta.

“Depois da minha primeira visita que se tornou claro, para mim e para o André, que não queríamos visitar mais construções novas e modernas. Faltava-lhes alma”

O mercado de reabilitação está cheio de excelentes oportunidades em todo o país. E Bárbara considera que “compensa”, mas é preciso estar atento. Na primeira casa que escolheram - depois de já terem feito a reserva - foram detetadas ilegalidades. Desilusão, frustração, seis meses a digerir a situação e mais nove meses à procura de casa.

“Eu estava sempre a ver casas”, confessa Bárbara. “Não nos interessava onde, nem queríamos limitar à área do Grande Porto, queríamos encontrar a casa dos nossos sonhos”.

Entre algumas experiências mais positivas, Bárbara destaca o trabalho dos intermediários de crédito que contactou, pois avançaram com a pré-aprovação de um montante para aquisição e obras. E ainda destaca o trabalho da agência imobiliária Brixel, que fez a intermediação do negócio.

“Estava mais uma vez no computador a ver casas, e quando desenhei um círculo novo de busca, apareceu aquela”. Aquela que seria a casa dos seus sonhos. O contacto para marcação foi imediato, mas a consultora imobiliária alertou para o estado da casa, fechada há muitos anos.

“A entrada cheia de cocó de pombo, muito escura, cheia de móveis, as janelas fechadas com tijolos, e eu só pensei: é a nossa casa”, confessa Bárbara. E logo se inspiraram no nome dos filhos para batizar este palacete – a casa Beja Flor -, que está a ser reabilitado com muito trabalho dos próprios.

Remodelação de casas
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Assim começou a remodelação da casa Beja Flor que inspira milhares de pessoas

Depois de encontrar a casa dos seus sonhos - uma casa senhorial, de 1931, com 350 metros quadrados -, Bárbara e André arregaçaram as mangas e puseram mãos à obra. Decidiram fazer praticamente tudo com as suas mãos – com a ajuda do Youtube onde muito aprendem -, mas só depois da base estrutural da casa estar concluída. “Coisas específicas, como telhado, eletricidade, canalizações, lajes e vigas estão entregues a especialistas, porque uma casa antiga envolve muitas estruturas”, explica Bárbara ao idealista/news.

Assim foi porque, afinal, Bárbara trabalha na área da arquitetura. Embora o curso tenha ficado a um pequeno passo da conclusão, decidiu dedicar-se à área, sendo uma espécie de mentora de relações entre casas e pessoas. E foi assim que criou a MMorais, onde faz um trabalho individual com os clientes para “olhar para a casa com amor e funcionalidade e de forma consciente em termos de custos”. Agora, segundo conta, é difícil conjugar a agenda de atendimento com o volume de trabalho que lhe dá esta história de amor pela reabilitação da casa.

Bárbara criou uma conta de Instagram, a Tinynest183, para partilhar com as pessoas como “com pouco dinheiro e pouco espaço podemos dar uma nova alma às casas”. E foi aqui que começou a publicar todos os passos da reabilitação desta casa antiga.

Em maio de 2022 já milhares de seguidores estavam atentos à casa nova de Bárbara, André, Flor e Benjamim. Mas ninguém estava preparado para o viria a seguir. A partilha honesta e crua desta remodelação tornou-se viral. E, em poucos dias, a conta de Instagram ganhou centenas de milhares de novas pessoas para assistirem ao renascer desta enorme casa. São agora 329 mil seguidores a darem força a este sonho.

Quem segue a Bárbara – conhecida por “Tinny” no Instagram - sabe o quanto desejou poder passar lá o Natal de 2022, mas agora só quer usufruir do processo e garantir a segurança dos filhos quando fizerem a mudança.

Casas antigas reabilitadas
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O casal está a tratar dos acabamentos da casa, mas também das demolições e limpezas. E assumem o lixo e o entulho como um dos maiores desafios desta reabilitação. Igualmente desafiante têm sido aos choques de realidade. Por um lado, não poder recuperar tudo o que desejavam. E, por outro, não conseguirem que os prazos sejam cumpridos.

Mas defende que não podemos normalizar o não cumprimento dos prazos nesta área da construção e remodelação. E acrescenta a esta ideia a necessidade de que todos, desde os tempos de escola, sejamos ensinados a saber fazer o básico numa casa e “não ceder ao facilitismo”.

“Eu queria fazer tudo. Sinto que o processo é altamente empoderador ”, assume. E é esse o objetivo a longo prazo: criar uma rede de parceiros, reabilitar mais casas pela zona Norte. Mas, para já, é tempo de continuar a aventura da reabilitação desta casa antiga, onde a grande questão está agora em como manter o enorme corrimão.

Hoje, os pombos continuam a invadir a casa Beija Flor e o lixo parece nunca ter fim, mas a luz já ocupou o espaço e o sonho está, todos os dias, mais próximo da realidade.

Reabilitação de casas
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