Remodelar uma casa é sempre um desafio (e pode ser uma grande aventura). E desta vez viajamos até ao outro lado do oceano, para Cleveland, nos EUA, para conhecer a história incrível de um casal português com dois filhos que está a recuperar um casarão dos anos 20 com mais de 100 anos. Uma aventura vivida cheia de paixão, apesar de não ter sido “amor à primeira vista”. Ainda assim, “o resultado final promete”.
Samanta McMurray e o marido, Pedro Barata, ambos com 37 anos, viajaram para os EUA há sete anos. Os filhos nasceram depois, Thomas em Cleveland, e Charlotte em New Orleans.
Apesar dos quase 40 mil seguidores procurarem na conta @eatlovewithlove um estilo de vida saudável, Samanta McMurray para além de health coach, é arquiteta e mestre em reabilitação de edifícios. Partilhar o processo desta obra, diz ao idealista/news, é também para dar a conhecer o seu trabalho como arquiteta/designer, coisa que poucos seguidores sabem sobre ela.
A decisão da compra desta nova casa aconteceu em junho de 2022 depois de alguma procura, num momento favorável para os vendedores, mas mais exigente em termos de preço para os compradores, o que dificultou o processo.
“Por ser uma zona especial é difícil encontrar casas em bom estado e a um preço razoável. Lembro-me de ter voado de New Orleans para Cleveland de propósito para ver a casa e a nossa agente imobiliária dizer-me que duas das casas que queria visitar já estavam vendidas. De um dia para o outro, as casas eram vendidas, muitas vezes à distância, sem sequer as terem visto ao vivo. Uma loucura", conta Samanta. A escolha da zona foi um processo simples, ainda que tenha agravado a restrição da oferta por ser muito específica.
O sonho de construir uma casa de família
“Nós já tínhamos vivido dois anos em Cleveland, e por isso já tínhamos uma noção das zonas que mais gostávamos. Para nós é fundamental viver numa zona onde se possa andar a pé confortavelmente e ter sempre alguns serviços por perto como cafés, bancos, lojas, restaurantes, etc. A zona onde a casa está localizada (Cleveland Heights) é das minhas favoritas na cidade porque é considerada uma zona histórica. Todas as casas são como que saídas de uma história encantada (princípios do século XX), todas únicas e cheias de charme", acrescenta ao idealista/news, desde os EUA.
A casa escolhida estava exatamente onde queriam, mas não era uma das preferidas pela quantidade de obras que exigia. Mas arriscaram pelo potencial de ser a casa de família perfeita. “Quando entrei adorei a planta, o espaço amplo e percebi que fazendo algumas mudanças e deitando abaixo uma ou duas paredes, iríamos conseguir criar a casa ideal para a nossa família. O preço estava de acordo com as nossas possibilidades, apesar do investimento ter sido maior do que estávamos à espera”, recorda Samanta.
“A compra desta casa foi fácil, porque ainda não estava no mercado. A nossa agente conhecia bem os vendedores e como sabia que gostávamos muito da zona, fez o contacto para podermos visitar a casa. Fizemos a oferta, que foi aceite no próprio dia”, salienta. A oferta foi feita em abril, a compra finalizada em junho e as demolições começaram em setembro de 2022. Expectativa: mudar para a casa nova em março de 2023.
Os grandes desafios da remodelação
O desafio desta remodelação, mais do que cumprir prazos, tem sido cumprir o orçamento. “É praticamente impossível de o fazer porque vão surgindo muitas surpresas ao longo das demolições, principalmente quando estamos a remodelar uma casa com 100 anos", partilha.
Samanta deixa alguns conselhos a quem quer entrar numa aventura destas e destaca a importância de deixar as especialidades para os especialistas. “Primeiro, perceber bem o tipo de orçamento que se tem - há sempre gastos extra. É também extremamente importante contratar especialistas para avaliar o projeto. Um engenheiro civil para avaliar a estrutura é fundamental. Algumas casas parecem em ótimo estado até começarmos a abrir as paredes. Um arquiteto ou designer de interiores para ajudar a colocar a nossa visão na prática, e um construtor competente e que cumpra os prazos - nós tivemos muita sorte com o nosso.”
Por outro lado, é fundamental acompanhar a obra e comparar orçamentos. “Há sempre questões que surgem a meio da obra e às quais só nós, os donos da casa, podemos responder. Posso dizer que não houve um dia em que ou eu ou o meu marido não tivéssemos ido ver a obra. Finalmente, pedir vários orçamentos na compra de materiais. Eu fiz quase tudo sozinha, desde a escolha do mosaico, pedras, acabamentos, torneiras, luzes, e comprei quase tudo online - nos EUA é mais fácil do que em Portugal, mas é sem dúvida uma boa forma para poupar nos custos”, explica.
Uma paixão por casas antigas
As dificuldades não retiram as vantagens deste projeto. “Sempre adorei casas antigas e neste momento estou a realizar um dos meus sonhos que é remodelar uma. Acho que têm um charme que infelizmente já não se consegue alcançar na construção de atualmente, para além de toda a história que cada uma destas casas traz consigo. Poder viver numa casa com 100 anos, adaptada aos dias de hoje, para mim é um privilégio, mas também vejo na reabilitação uma atitude muito ecológica, onde pegamos no pré-existente e o transformamos em novo, em vez de ocupar mais terreno com construção nova”, refere Samanta.
As redes sociais, para além da partilha, são uma enorme fonte de inspiração e ajuda. A arquiteta lembra que, através de uma imagem, seja pelo Pinterest ou pelo instagram, “é possível saber exatamente aquilo que queremos na escolha de materiais, estilo e acabamentos.”
“O Pinterest tem sido o meu melhor amigo porque me ajuda a afunilar o resultado final do estilo que quero. Eu sabia que queria algo intemporal, que respeitasse o estilo e o ano da casa. Gosto de acabamentos clássicos, mas com um toque de modernidade. Vamos usar muita pedra natural na cozinha e nas casas de banho e recuperar algumas molduras originais da casa de forma a devolver o charme e intemporalidade à casa, mas também substituir as banheiras por duches, abrir a cozinha para a sala de estar e criar um "open concept" para adaptar a casa aos dias de hoje e à nossa forma de viver”, revela a arquiteta e designer.
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