No Alentejo, Algarve e na Grande Lisboa a proporção de casas novas face às habitações vendidas agrava-se, mostram dados do INE.
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Construção de casas em Portugal
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A falta de casas para comprar em Portugal tem sido apontada como um dos principais fatores que está por detrás da subida a pique dos preços das habitações no país. Isto porque a oferta de casas disponíveis para venda é muito inferior à procura, tornando-se, por isso, num bem ainda mais valioso. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) expressam bem esta realidade: além das casas vazias que existem em Portugal, só se construiu uma habitação por cada nove casas vendidas no país entre janeiro e setembro de 2022.

Em Portugal, foram transacionadas 129.374 habitações entre janeiro e setembro de 2022. E no mesmo período só foi concluída a construção de 14.451 fogos, indica o INE. Isto quer dizer que só foi construída uma casa em Portugal por cada nove vendidas, um número insuficiente para dar resposta à alta procura.

A venda de casas no nosso país está, portanto, a ocorrer a ritmo bem mais rápido do que a colocação de casas novas no mercado, o que leva a que haja também uma acelerada absorção da oferta de habitação disponível para venda. No terceiro trimestre de 2022, só 3,49% do parque habitacional português estava no mercado de compra e venda, aponta o relatório anual do idealista/data. Outra consequência passa mesmo pela subida a pique dos preços das casas, que se aproximou dos 2.500 euros/m2 no final do ano passado, apontam os mesmos dados.

Falta de casas novas é sentida em todo o país

Esta é, de resto, uma realidade visível em todo o território nacional, embora apresente dimensões bem diferentes. No Norte e na Região Autónoma dos Açores esta diferença é um pouco menor, já que é construída uma casa por seis vendidas em cada região. Já no Alentejo e no Algarve há um número muito superior de casas vendidas face à construídas - a proporção passa de 16 casas transacionadas para uma habitação concluída.

Também na Grande Lisboa, há falta de construção nova, já que só foram colocadas no mercado 3.260 casas novas, enquanto foram vendidas 39.261 unidades nos primeiros nove meses de 2022. Isto quer dizer que foram vendidas 12 casas por cada habitação construída na Área Metropolitana de Lisboa, mostram os dados do INE.

O desequilíbrio entre construção nova e transações de habitações é, portanto, sentido um pouco por todo o país. E é por isso mesmo que criar mecanismos para aumentar a oferta de habitação em Portugal tem sido um dos objetivos do Governo socialista de António Costa, que vai apresentar esta quinta-feira uma nova lei da Habitação, que vem precisamente agilizar e incentivar a construção de forma a aumentar a oferta de casas. Para que isso seja possível, o primeiro-ministro já adiantou que vai simplificar os processos de licenciamento de construção, aquisição e utilização de habitação, que muito têm atrasado a colocação de mais casas no mercado.

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