Consultora imobiliária e influenciadora digital, partilha com o idealista/news os desafios do mercado e da profissão.
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Mia Relógio
Maria Relógio / Freepik

A tecnologia abriu portas para um mundo de novas oportunidades. E foi na blogosfera, há mais de uma década, que Maria Relógio encontrou espaço para partilhar hobbies, projetos e a sua paixão pela moda e lifestyle. Licenciada em Direito, e depois de vários anos a exercer advocacia, decidiu dedicar-se ao mundo das redes sociais em pleno, tornando-se influenciadora digital. Hoje em dia, Mia Relógio (como é conhecida) acumula a produção de conteúdo com a atividade de consultora imobiliária, um desafio profissional que abraçou em 2019 e que, garante, requer muito “foco e disciplina”. E trabalhar o mercado atual é cada vez mais exigente, até porque “continuam a existir casas, mas talvez não para todos”. Dar resposta à procura é o grande desafio.

Maria Relógio já dominava o digital antes de iniciar a sua carreira no imobiliário. Uma vantagem, de resto, numa era em que o marketing de influência é mais importante que nunca, para qualquer setor de atividade. Faz parte da Equipa Carlos Almeida – Real Estate Consultants, da Remax, e a compra/venda e arrendamento de casas, sobretudo, na zona da Grande Lisboa, passaram a fazer parte do seu dia a dia. Recentemente, a equipa recebeu o prémio balão de ouro – um marco de 500.000 euros de vendas –, um galardão que reflete uma forma diferente de fazer negócio, afastada da imagem do "agente de braços cruzados", segundo a própria. Com rigor e profissionalismo, diz, procuram uma postura mais descontraída, que "seguramente acaba por deixar as pessoas mais à vontade".

O mercado imobiliário vive tempos desafiantes e arrendar casa em Portugal continua a ser um ponto crítico, tal como explica a consultora. "Arrendar casa em Portugal ficou mais caro no início do ano. Pedidos de arrendamento é o que mais tenho recebido ultimamente, contudo, com os valores que as pessoas conseguem suportar, tornou-se mais difícil conseguir ajudar", indica. 

Entre os desafios da profissão e do mercado, Mia Relógio (@miarelogio) analisa nesta entrevista escrita para o idealista/news tendências do imobiliário, mas revela também o que a mantém nas redes sociais como influenciadora digital, numa gestão (nem sempre fácil) entre ser mulher, mãe, e manter o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal - o gosto pela comunicação partilha, de resto, em casa, com o marido Diogo Beja, locutor da Rádio Comercial.

Mia Relógio
Maria Relógio abraçou o ramo imobiliário há quatro anos

É licenciada em Direito. Trabalhou durante muito tempo no mundo da advocacia? Quais foram os pontos positivos (e negativos) da profissão?

Ainda trabalhei alguns anos até decidir suspender a minha inscrição na Ordem dos Advogados. Eu sempre quis seguir Comunicação Social e, no momento em que tive de escolher, o meu pai tentou fazer-me ver que Direito poderia ter maior saída profissional. Gostei do curso, e reconheço a enorme bagagem que ele me proporcionou e, apesar de não exercer no momento, é-me bastante útil na área que exerço. Eu nunca gostei de ir a Tribunal e sinto que o Direito nunca me realizou da forma que eu gostaria de me sentir realizada.

Diz que a moda e lifestyle sempre foram uma paixão. Foi por isso que criou o “Blog da Mia”. Quando surgiu este projeto? 

Sim, sempre foram e ainda hoje são. O Blog da Mia já conta com 12 anos, começou na altura em que só havia o Facebook, rede social onde eu aproveitava para escrever desabafos ou partilhar sítios que tinha visitado e que tinha gostado bem como looks meus. No fundo, acabava por partilhar tudo o que me inspirava. Um dia, numa tarde mais aborrecida no escritório, acabei por criar o blogue, que me trouxe muita coisa boa!

Mia Relógio
Uma apaixonada pelo mundo da moda e lifestyle

Trocou a advocacia pela blogosfera durante algum tempo até se tornar profissional no ramo imobiliário. Como e quando é que o imobiliário se “cruzou” no seu caminho?

O imobiliário surge no momento que me separei. Foi o meu ex-marido, com quem trabalho até hoje e com quem formei equipa, que me convidou a experimentar uma área que era absolutamente novidade para mim.

Há quanto tempo trabalha como consultora? Quais são os maiores desafios desta profissão?

Estou no ramo imobiliário faz quase 4 anos. O maior desafio é perceber o mercado atual e tentar trabalhar de acordo com o que temos. Na verdade, vivemos tempos desafiantes, e é preciso ter foco e disciplina, todos os dias.

O maior desafio é perceber o mercado atual e tentar trabalhar de acordo com o que temos.

Recentemente, a sua equipa recebeu o prémio balão de ouro – um marco de 500.000 € de vendas. Como procuram diferenciar-se no mercado?

Gostamos de dizer que somos pessoas a falar com e para pessoas. Reconheço, e sinto isso na pele muitas vezes, que ainda existe um certo estigma relativamente a esta profissão, a imagem que tantos gozam "do agente de braços cruzados" nas fotos de divulgação. Acredito que a nossa equipa, além de uma imagem, tem uma postura diferente, mais descontraída, o que seguramente acaba por deixar as pessoas mais à vontade.

Profissionalismo, rigor, simpatia, honestidade, querer, crença e ética são os nossos valores essenciais à profissão que exercemos. Contamos com uma série de clientes que se tornaram nossos amigos e que recorreram aos nossos serviços mais de uma vez, e isso é algo que nos enche de orgulho e nos faz acreditar que estamos no caminho certo.

Equipa Carlos Almeida
Equipa Carlos Almeida recebe prémio balão de ouro

Atualmente, a Mia trabalha que segmentos de mercado? Compra/venda e também arrendamento?

Gosto de dizer que trabalhamos tudo, seja mercado de luxo ou não, seja compra/venda ou arrendamento. Trabalhamos aquilo que o cliente precisa.

Nunca se falou tanto de habitação como hoje em dia. Como gerir o dilema de não haver oferta para tanta procura?

Vivemos tempos desafiantes, continuam a existir casas, mas talvez não para todos. Arrendar casa em Portugal ficou mais caro no início do ano - pedidos de arrendamento é o que mais tenho recebido ultimamente, contudo, com os valores que as pessoas conseguem suportar, tornou-se mais difícil conseguir ajudar.

Que tipo de casas se procuram?

Durante a pandemia, todos nós passamos a valorizar ainda mais a nossa casa, o espaço que temos ou que mais falta nos faz. Foi uma altura desafiante a vários níveis, mas foi uma das alturas com mais trabalho, sentindo um maior crescimento. Atualmente, o cliente passou a valorizar e a dar prioridade a uma casa que tenha uma varanda ou um quarto extra, podendo este funcionar, por exemplo, como escritório. Tivemos muitas pessoas a trocar o apartamento da cidade para comprar uma moradia fora.

Atualmente, o cliente passou a valorizar e a dar prioridade a uma casa que tenha uma varanda ou um quarto extra, podendo este funcionar, por exemplo, como escritório.

E qual o perfil de clientes? Mais nacionais ou estrangeiros?

Temos de tudo. Houve uma altura em que tínhamos muitos franceses, bem como chineses, são ambos clientes com os quais estamos muito habituados a trabalhar.

Maria Relógio
Fundou o 'Blog da Mia' há 12 anos e é influenciadora digital

A Mia foi mãe recentemente. Quais os desafios de ser mulher, mãe e encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional? 

Regressei ao trabalho tinha a Emília dois meses. Como trabalho por conta própria sei que a minha realidade é um bocadinho mais desafiante e achei que assim tinha de ser, mesmo estando apenas a tempo parcial. Tem sido um desafio diário, sinceramente ainda não consegui encontrar um equilíbrio onde me sinta verdadeiramente tranquila.

A Emília ainda é muito pequenina e está em casa connosco, de manhã fica com o Diogo e de tarde comigo. Mas há dias em que são uma loucura e, em que havendo compromissos a fazer, ela tem de nos acompanhar, seja no meu trabalho ou no do pai. É verdade que tudo se faz, mas nem sempre esta logística é fácil. A ausência de uma rede de apoio é o mais difícil de superar.

Continua a dedicar-se à produção de conteúdo no Instagram – que hoje em dia é também uma ferramenta de trabalho. Quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar nas redes sociais?

Continuo a dedicar-me mesmo que, muitas vezes, sem o tempo que gostaria de ter para conseguir fazer mais conteúdo, até porque na verdade, estar nas redes sociais de uma forma diária e consistente dá algum trabalho. Gosto de acreditar que quem me acompanha, identifica-se de certa forma com a pessoa que sou. As minhas partilhas são genuínas e, tantas vezes, sem filtros, até porque não partilho só o lado bom da vida. E, como partilho um pouco daquilo que são os meus dias, tão depressa estou a partilhar o creme de corpo que gosto de usar como a mostrar o imóvel que acabei de angariar no mercado.

Mia Relógio
Mia Relógio e a filha Emília
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