
“Estamos a conduzir a primeira fase (que é a de auscultação interna aos serviços municipais) na criação da Estratégia Lisboa Inteligente 2030”, revela ao idealista/news Joana Almeida, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa (CML) com os pelouros do Urbanismo, dos Sistemas de Informação e Cidade Inteligente e da Transparência e Prevenção da Corrupção. O objetivo, assegura, é colocar a capital “cada vez mais no mapa mundial das cidades inteligentes”.
“Preocupa-nos que continue a persistir algum desconhecimento acerca do enorme trabalho e inovação que inúmeras direções e departamentos municipais produzem. Estamos a compilar todas estas ações e programas e iremos desenhar uma estratégia que permita continuar a colocar Lisboa cada vez mais no mapa mundial das cidades inteligentes”, adianta a vereadora, que assumiu o cargo em setembro de 2021.
"(...) Iremos desenhar uma estratégia que permita continuar a colocar Lisboa cada vez mais no mapa mundial das cidades inteligentes"
Lisboa cai no ranking das cidades inteligentes
De acordo com o Smart City Index (SCI), apresentado em abril pelo Institute for Management Development (IMD), em 2024, a capital portuguesa encontra-se na 108ª posição do ranking, entre 142 cidades de todo o mundo. Significa isto que Lisboa caiu nove lugares face ao 99º lugar ocupado no ano passado.
À semelhança de anos anteriores, a habitação volta a ser apontada como a principal preocupação dos lisboetas: 91,6% dos inquiridos consideram que é um problema encontrar uma casa cuja renda mensal seja equivalente a um máximo de 30% do salário.
A propósito da crise na habitação que se vive em Lisboa e, em geral, um pouco por todo o país, Joana Almeida referiu, na mesma entrevista, que a “habitação é possivelmente um dos maiores desafios” com os quais Portugal terá “de lidar nos próximos anos”.
“A resposta à crise na habitação não pode ser maniqueísta ou simplista. (...) A nossa postura é a de máxima defesa do interesse público na produção de habitação para todas as faixas da população”
“A resposta à crise na habitação não pode ser maniqueísta ou simplista. Precisamos de todos, quer da iniciativa municipal, quer da ação da Administração Central, que também apoiamos de perto, mas temos acima de tudo de contar progressivamente com o empenho e dedicação da iniciativa privada, quer sob a forma de parcerias com o município, quer na promoção de soluções Build to Rent (BtR) ou cooperativas. A nossa postura é a de máxima defesa do interesse público na produção de habitação para todas as faixas da população, mas cremos que todos têm um papel ativo e determinante a desempenhar na concretização de respostas céleres e sustentáveis”,
O (bom) exemplo da Jornada Mundial da Juventude
Voltando ao tema das cidades inteligentes, a vereadora dá o exemplo da organização da Jornada Mundial da Juventude (JMV), no ano passado, como um caso de sucesso: “Tivemos um vislumbre da capacidade e potencial desta Lisboa digital e interativa aquando da organização das JMJ, onde a capacidade de monitorização e resposta quase em tempo real teve um desempenho excecional, num cenário que dificilmente poderia ser mais complexo e desafiante”.
O desafio, agora, passa por colocar todo o potencial existente “ao serviço das pessoas, no seu dia a dia, em aspetos tão diversos como a gestão e melhoria das rotinas de recolha de lixo, monitorização remota da rede de drenagem ou iluminação pública, gestão de tráfego e estacionamento em tempo real, vídeo-proteção, ou criação de sistemas de informação geográfica em atualização permanente e automática, em áreas como a proteção civil ou o urbanismo”, explica Joana Almeida.
“Para isso, queremos integração e queremos que todos estes serviços estejam acessíveis aos munícipes e colocados ao seu serviço”, acrescenta.

Sismos? “Trabalhamos para que a cidade esteja preparada”
Outro dos temas abordados na entrevista – concedida por escrito – está relacionado com a possibilidade de vir a ocorrer um sismo em Lisboa. Prevenção é, claro está, palavra de ordem. A par de sensibilização.
“Gostaria de destacar o trabalho da nossa equipa de Projeto ReSist, através da qual estamos a fazer um trabalho profundo de prevenção, sensibilização e ação para reduzir os efeitos de um sismo em Lisboa, e de outros riscos geológicos. Sabemos que a vulnerabilidade de Lisboa aos sismos é uma realidade, mas como não os podemos prever, trabalhamos diariamente para que a cidade esteja preparada quando estes eventos acontecerem”, comenta a vereadora do Urbanismo, dos Sistemas de Informação e Cidade Inteligente e da Transparência e Prevenção da Corrupção.
Joana Almeida adianta, de resto, que a equipa de projeto ReSist põe em prática medidas de redução dos efeitos dos sismos e está a ajudar a preparar as pessoas para minimizar o impacto. “Realizámos mais de 100 ações de sensibilização nas escolas da cidade, envolvendo perto de 2.500 alunos, a quem foram distribuídos kits de emergência, e estão a ser desenvolvidas várias ações essenciais para preparar a cidade para lidar melhor com riscos geológicos”. A saber:
- Elaboração da carta de potencial geotérmico de Lisboa, da carta geotécnica, da carta de aptidão hidrogeológica e da carta das zonas inundáveis;
- Preparação de um guia prático com recomendações para escolas privadas para avaliação da vulnerabilidade sísmica das estruturas;
- Preparação de um guia com recomendações para projetistas de boas práticas a adotar na reabilitação sísmica de edifícios patrimoniais.
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