
O problema de acesso à habitação continua de pedra e cal no nosso país, perante os elevados preços das casas que continuam a aumentar muito mais do que os salários. E tudo isto se deve ao desequilíbrio entre a elevada procura para uma escassa oferta de habitação. É neste contexto que Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP), avisa que as medidas do Governo que vêm estimular a procura “só vão agravar o problema” da falta de casas. É o caso da isenção de IMT e a garantia pública para jovens.
“As medidas do lado da procura, aquelas que ou através de impostos ou através de facilitação do crédito aumentem a procura, só vão agravar o problema” da falta de casas em Portugal, admitiu Mário Centeno em entrevista à RTP. O governador do BdP refere-se aos mais recentes apoios aos jovens para comprarem a sua primeira casa, nomeadamente a isenção do IMT e do Imposto de Selo, bem como a garantia pública no crédito habitação, que possibilita financiamentos a 100%.
É neste sentido que Centeno aconselha a olhar para formas de colocar mais casas no mercado. “Nós temos um problema de oferta, construímos poucas casas em Portugal. Sem esse aumento de oferta não vamos conseguir resolver o problema da habitação”, garante na mesma entrevista, admitindo que quer assumir um segundo mandato à frente do BdP.
“Olhemos todos para aquilo que é a capacidade de o país colocar mais casas no mercado de arrendamento (não é preciso só pensar na aquisição). Aliás, durante muitos anos debatemos o papel do mercado de arrendamento em Portugal e parece que de repente desistimos dessa dimensão. Isso não pode acontecer, tem de ser reforçada também essa dimensão”, continuou o líder do supervisor bancário.
Aumentar a oferta de casas disponíveis para comprar e arrendar é ainda mais relevante numa altura em que surge um clima mais favorável para avançar com a aquisição, com a descida dos juros nos créditos habitação. E, ao que tudo indica, os juros na habitação deverão continuar a cair à medida que o Banco Central Europeu (BCE) alivia a sua política monetária. “É expectável, eu diria até que é bastante provável que nos próximos meses a taxa de juro [do BCE] continue a convergir para valores que serão próximos de 2%”, admite Mário Centeno, avisando que os juros já não vão voltar a estar tão baixos como antes da crise inflacionista.
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