
Apesar da relativa estabilidade, os mercados imobiliários “continuam vulneráveis às flutuações económicas que podem ter impacto nos preços das casas”, tais como recessões, alterações nas taxas de juro e alterações no emprego. O alerta é deixado por Bruxelas numa análise detalhada sobre Portugal, divulgada esta terça-feira, 26 de novembro, no âmbito do Pacote de Outono. No documento, a Comissão Europeia destaca a “resiliência notável” do imobiliário no país, mas considera que o segmento residencial “continua a merecer um acompanhamento atento”, face à oferta “ainda insuficiente”.
No relatório de vigilância sobre a situação económica do país e, mais concretamente, sobre o mercado imobiliário, Bruxelas indica que o número de alojamentos concluídos em Portugal cresceu 12,3% no segundo trimestre de 2024, após uma queda de 5,7% no trimestre anterior, e que as licenças de construção aumentaram 6,6%, após uma “queda acentuada de 19,4%” face ao trimestre anterior. No entanto, apesar do aumento reportado na construção residencial, a Comissão frisa que “a oferta de habitação é ainda insuficiente para acompanhar a procura”.
Bruxelas nota que nos últimos sete anos, “os preços das casas quase duplicaram", refletindo uma procura sustentada e uma oferta limitada, mas considera que uma descida acentuada "continua a ser improvável”.

No primeiro semestre de 2024, apenas cerca de 35% das transações de habitação foram financiadas através de crédito o que, na opinião de Bruxelas, realça "o papel substancial desempenhado pelos compradores em numerário e pelos investidores não residentes", algo que "ajudou a proteger o mercado das flutuações nos custos dos empréstimos”.
Além disso, sustenta no relatório que a oferta limitada de habitação, combinada com o aumento dos custos de construção e a escassez de oferta de mão de obra, “reduz a probabilidade de uma correção significativa dos preços no curto prazo”.
A Comissão Europeia considera que “o mercado imobiliário de Portugal tem demonstrado uma resiliência notável nos últimos anos”. Um dos principais fatores que suportam esta estabilidade, diz, são os “rácios LTV relativamente baixos nas carteiras hipotecárias, com apenas 6% dos empréstimos a excederem um rácio LTV de 80%”. “Isto sugere que os bancos estão bem posicionados para absorver potenciais descidas dos preços imobiliários, sem incorrer em perdas significativas”, refere.
Apesar disso, nota que o mercado imobiliário residencial no país “continua a merecer um acompanhamento atento”. Bruxelas lembra que o aumento dos preços da habitação nos últimos anos “foi apoiado pela forte presença no mercado de proprietários e compradores não residentes, bem como por estrangulamentos na oferta”, mas que, ainda assim, esses aumentos dos preços "não foram acompanhados por um crescimento proporcional do rendimento das famílias", um cenário que exacerbou "os problemas de acessibilidade e aumentou a incerteza sobre a evolução dos preços a longo prazo”.
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